O presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo apoia-se em evidências que lhe chegaram de forma não oficial e espera que as suspeitas de doping sejam esclarecidas muito antes da Volta a Portugal.
A equipa de ciclismo da W52/FC Porto corre o sério risco de não voltar a competir. A possibilidade é admitida, numa entrevista à Renascença, pelo presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC). Delmino Pereira sustenta essa forte hipótese em factos que chegaram ao seu conhecimento por via não oficial:
“Neste momento põem-se todas as hipóteses. Regulamentarmente não temos nada que impeça que a equipa volte, mas, de facto, perante muitas evidências que nos chegaram de forma não oficial, também há a grande probabilidade de a equipa não poder voltar a competir”, declara.
O presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo não esconde perplexidade pelas fortes suspeitas de utilização de substâncias dopantes que recaem sobre a equipa técnica e corredores da W52/FC Porto. Delmino Pereira receia que a morosidade na investigação levada a cabo pela Polícia Judiciária e pelo Ministério Público não evite que uma equipa e ciclista sob suspeita, possam participar no calendário de provas deste ano, onde se inclui a Volta a Portugal.
“Era de facto algo de muito lamentável, porque não será nada benéfico para todo o sistema e para a modalidade. É isso que queremos. que seja clarificado o mais rapidamente possível”.
Desejo de que a situação seja resolvida
O presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo manifesta o desejo de que a situação seja resolvida “com uma brevidade muito mais célere e muito antes da Volta a Portugal”, sublinhando que só perante factos concretos, o organismo a que preside pode atuar, tal como aconteceu nos casos dos diretores de equipa, Nuno Ribeiro e José Rodrigues.
“Até agora só o diretor desportivo principal e o diretor-adjunto foram suspensos. Já pedimos informações ao Ministério Público. A ausência de informação limita e condiciona a nossa atuação ao nível dos regulamentos”, sublinha, lamentando esta impossibilidade prática de a FPC desencadear outras medidas disciplinares.
“Depende da evolução do processo. A justiça tem os seus procedimentos e a sua lentidão, que não é muito proporcional aquilo que é a forma de atuar no sistema desportivo. Somos muito práticos; perante um facto atuamos de imediato e este assunto resolve-se de imediato”
Com a época a decorrer e a quatro meses da Volta a Portugal (10 a 21 de agosto) a preocupação de Delmino Pereira é equiparável aos danos provocados no ciclismo nacional pelas suspeitas de doping na W52/Porto
“O desgaste sobre a modalidade é brutal porque não temos forma de atuar; os dias passam e estamos perante uma situação extraordinariamente complexa”, conclui.
Luís Aresta/RR