23.2.2024 –
Enquanto continua a resposta de emergência, é preciso reconstruir. Em Portugal, a CVP está empenhada em acolher e integrar as pessoas deslocadas
Desde o início do conflito na Ucrânia, a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC, na sigla em inglês) conseguiu apoiar 18 milhões de pessoas em 60 países. Graças à sua rede, foi possível dar uma resposta verdadeiramente global e prestar assistência em contexto de emergência, cuidados de saúde, apoio mental e psicossocial ou ajuda para que os deslocados causados pela escalada da violência conseguissem uma habitação. Foi também possível dar apoio financeiro a 1,1 milhões de pessoas na Ucrânia e por toda a Europa, contribuindo desta forma para o pagamento de rendas, cuidados de saúde e educação.
No terreno, a Cruz Vermelha Ucraniana conseguiu ajudar mais de 12 milhões de pessoas, providenciando serviços de emergência junto das populações afetadas pelo conflito e apoiando os esforços de reconstrução, seja através de serviços de apoio social, na reparação de casas, em pequenos empréstimos para a manutenção de negócios e em treino vocacional, contribuindo para o desenvolvimento de novas capacidades e carreiras. Em 2023, a Cruz Vermelha conseguiu garantir acesso a água, aquecimento e eletricidade para mais de 4.8 milhões de pessoas.
No ano passado, foi também possível, graças aos esforços da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, providenciar 180 mil kits para administração de insulina, 5.700 kits de primeiros-socorros e realizar 72 mil consultas médicas nos 29 postos médicos móveis. Foram também entregues 240 mil refeições em hospitais, instituições académicas e sociais.
Apelo de emergência 38% aquém do necessário
Após dois anos, a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho alerta para a necessidade de desenvolver e acompanhar, em simultâneo, projetos de assistência humanitária imediata e outros, de médio e de longo prazo, que procuram a integração e a reabilitação das comunidades afetadas na Ucrânia. Até ao momento, o apelo de emergência lançado pela Federação recebeu apenas 62% do valor total pretendido, criando dificuldades na obtenção de meios para dar resposta às necessidades desta população.
“Apesar do incrível impacto que nós e outros causamos, agora não é hora de fechar os olhos. A atenção mundial e os recursos destinados à Ucrânia estão a diminuir, mas as necessidades humanitárias permanecem. Ao investir em programas de integração social e de reabilitação e nas capacidades locais de resposta a emergências, a nossa ambição é ajudar as comunidades na Ucrânia e nos países afetados a tornarem-se mais fortes e mais resilientes relativamente ao que eram”, refere Birgitte Bischoff Ebbesen, a diretora regional para a Europa do IFRC.
Em Portugal:
Do apoio às rendas, aprendizagem da língua e fortalecimento da saúde mental
Desde março de 2022, a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) ajudou a acolher mais de 6 mil pessoas. Com um fluxo de chegadas a Portugal maior no primeiro ano do conflito, durante 2023 a CVP aprofundou o trabalho de integração das pessoas que decidiram ficar no país, nomeadamente através de um projeto realizado com o apoio do FAMI, Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração. Este projeto prestou apoio a 451 pessoas em valências como aprendizagem do português, auxílio económico para o pagamento de rendas e de serviços essenciais.
No âmbito da campanha de apoio à Ucrânia que a Missão Continente implementou em 2022, foram angariados 1,6M€ que foram doados à Cruz Vermelha Portuguesa. Desse valor, 250 mil euros vão ser aplicados no programa Bolsa Mais Casa, com o objetivo de garantir habitação condigna, que possa ser sustentada de forma autónoma pelas pessoas deslocadas, e de assegurar as despesas iniciais com um alojamento. Através deste fundo, serão atribuídas 100 bolsas, com um valor unitário de 2.500 euros. As candidaturas submetidas estão agora em análise.
Neste mesmo período, através do programa EU4Health, a Cruz Vermelha deu formação em primeiros socorros psicológicos a 315 pessoas, entre funcionários e voluntários da instituição, socorristas na linha da frente e sete profissionais de saúde de língua ucraniana e russa, que estão agora mais capacitados para dar resposta na área da saúde mental. No último ano, 164 pessoas deslocadas da Ucrânia receberam apoio nesta vertente.
“Neste trajeto de uma integração plena e promotora de dignidade, a CVP dedica-se a contribuir para as aspirações e sonhos de cada uma destas pessoas que acolhemos e apoiamos. Esta é a mudança positiva que a CVP traz para o mundo”, considera António Saraiva, Presidente Nacional da Cruz Vermelha Portuguesa.
Em janeiro do ano passado, a Cruz Vermelha Portuguesa doou também duas ambulâncias à Cruz Vermelha da Ucrânia.