Um concelho como o nosso tem uma vocação especial para o turismo.
É verdade que tem essa vocação, sempre a teve e vai, se não o estragarmos, continuar a ter essa vocação! Na última campanha eleitoral autárquica o turismo foi um dos títulos usado pela candidatura partidária que venceu as eleições. Fez parte de cartazes, esteve afixado e a ideia, que é boa, continua … a ser boa! Pena é que continue a ser apenas uma ideia! Continuamos a ter uma forte adesão ao nosso turismo de verão, com grandes invasões de turistas e visitantes, mas que não se mantêm nas outras épocas do ano. Na prática, além do período de veraneio, temos ainda, aos fins-de-semana a visita dos nossos vizinhos que vêm contemplar o mar e a praia, as festas em Honra de Nossa Senhora da Conceição e a Festa da Passagem de Ano. Entramos, a partir daí, num período de poisio turístico que se estende por mais seis meses até junho e depois de setembro a novembro pois que em dezembro temos aqueles dois eventos na Praia de Mira. Em boa verdade, do ponto de vista económico, nenhum outro conteúdo turístico produz riqueza para que alguém possa viver dela, fora do período do verão. Que Pena! Que desperdício! Temos grandes recursos naturais em Mira! Praias, rios, lagoas, ribeiras, pistas cicláveis e pedonais, moinhos, ventos suaves de verão e inverno, tradição gastronómica riquíssima, festas e festejos, bandas musicais e filarmónicas, ranchos e grupos etnográficos, teatro, artes plásticas, história local muito por conhecer, literatura e até algum artesanato temos. Que pena não juntarmos tudo, na dose certa, no momento adequado e, com coerência e programa estratégico, construirmos produtos culturais apetecíveis! Porque Mira não é só a Praia, é essencial que possamos produzir um conjunto de eventos que não sejam apenas eventos separados mas que construam uma unidade credível de desafios para que os turistas e visitantes se sintam atraídos … O turismo hoje é também um ato de cultura e de aprendizagem! Viajar e aprender sempre foi um investimento e não apenas um consumo ou uma despesa. As grandes culturas de todo o mundo atraem pessoas e tornam os seus produtos valorizados e o seu turismo de qualidade e ao longo do ano. Mas para que tal aconteça é preciso elevar o turismo para a cultura! E que estratégia tem este executivo municipal para a cultura? Vocês sabem? Pois não se vê! E no último orçamento municipal para a edição de livros (veiculo de cultura por excelência!) está inscrita uma verba de mil euros! Claro que se podem alocar verbas de outras “despesas” para a cultura como os apoios às associações, a eventos únicos, a festas e festejos! Podem! Mas fica a faltar-lhes a “veste cultural” que cria autenticidade e credibilidade aos produtos que queremos que procurem … Todos, Todo o Ano! |