A crise dos semicondutores, que leva fábricas a reduzir ou a parar a produção, está a afetar a entrega de carros novos e não há estimativa de resolução do problema, avançou à Lusa a ACAP — Associação Automóvel de Portugal.
“Nós, como associação do setor, temos conhecimento de que tem havido problemas nas fábricas, que têm afetado muito a produção, em vários milhões de unidades por causa da crise dos semicondutores ou ‘chips’”, adiantou o secretário-geral da ACAP, Helder Pedro, em declarações à Lusa.
Conforme explicou, cada vez mais, os automóveis têm integrados estes dispositivos mas, face à crise mundial neste segmento, potenciada pela covid-19, as linhas de produção têm sido afetadas e, consequentemente, as entregas têm sofrido atrasos, que variam de marca para marca.
Porém, tanto a Comissão Europeia como os Estados Unidos “têm estado a fazer esforços” para resolver este problema, através de apoios monetários.
“Quando se implementar estas alterações na Europa e nos EUA, o problema pode estar ultrapassado e a indústria de semicondutores poderá responder à procura do setor automóvel”, afirmou Helder Pedro, ressalvando que, ainda assim, não há uma estimativa para o regresso à normalidade.
Os semicondutores são circuitos integrados que permitem que os dispositivos eletrónicos que utilizamos, sejam telemóveis, micro-ondas ou elevadores, processem, armazenem e transmitam dados.
A crise dos semicondutores está a acentuar-se, com o tempo médio de entrega a aumentar para mais de 20 semanas, o que agrava as perspetivas de fabricantes de automóveis e computadores.
Uma investigação do Susquehanna Financial Group, relatada pela agência Bloomberg, apurou que o período de tempo entre fazer a encomenda e a entrega do material aumentou mais de oito dias, para 20,2 semanas em julho, em relação ao mês anterior.
Esta demora é a maior desde que o Susquehanna começou a compilar esta informação, em 2017.
O tempo de espera de microcontroladores — semicondutores que controlam funções em automóveis, equipamentos industriais e equipamentos eletrónicos — disparou em julho e está agora em 26,5 semanas, o que compara com uma espera típica de seis a nove semanas.
A escassez de semicondutores tem tido um impacto forte na indústria automóvel, a qual, ainda segundo o texto da Bloomberg, deve contar mais de 100 mil milhões de dólares em vendas não feitas.
O mercado automóvel português cresceu 18,1% nos primeiros sete meses deste ano, em termos homólogos, mas em comparação com 2019 caiu 34,2% revelou a ACAP no dia 02 de agosto.
“Nos sete meses de 2021, foram colocados em circulação 113.541 novos veículos, o que representou uma diminuição de 34,2% relativamente ao mesmo período de 2019, apesar da comparação com 2020 mostrar um aumento de 18,1%”, destacou, na altura, a associação, num comunicado.
Em termos mensais, houve uma queda mesmo em relação a 2020, indicou a ACAP, apontando que “em julho de 2021 foram matriculados pelos representantes legais de marca a operar em Portugal 14.219 veículos automóveis, ou seja, menos 34,7% que no mesmo mês de 2019 e menos 21,4% quando comparado com julho de 2020”.
Lusa