O presidente do Conselho de Administração do Hospital de São João, no Porto, afirmou hoje que a criança internada com sintomas “suspeitos” de hepatite aguda está a ser avaliada e que os resultados vão ser conhecidos nos próximos dias.
“Temos uma criança suspeita de hepatite aguda que ainda está a ser avaliada do ponto de vista laboratorial. Cumpre com os critérios que estão definidos para caso suspeito, por isso, ainda hoje será registada dessa forma, ainda que em termos clínicos a suspeita para este tipo de hepatite seja pouco robusta”, afirmou Fernando Araújo.
Em declarações aos jornalistas, à margem do primeiro teste com veículos não tripulados realizado no hospital, o responsável afirmou que a criança, de três anos, está “estável” e que a sua evolução clínica está a ser acompanhada.
“Estão a ser determinadas algumas análises que poderão ajudar a determinar a etiologia desta hepatite”, disse, acrescentando que alguns dos resultados dos exames laboratoriais vão ser conhecidos hoje e os restantes ao longo dos próximos dias.
Apesar da suspeita de hepatite aguda, Fernando Araújo disse que “não se prevê que [a criança internada no Hospital de São João] seja um caso confirmado nesse sentido”.
“Para já a criança está estável, tem para já um percurso favorável, vamos com alguma tranquilidade seguir, acompanhar e esperar”, acrescentou.
Também presente na demonstração, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Lacerda Sales, salientou que o Governo “olha com preocupação” para os cerca de 200 casos de hepatite aguda em crianças que têm surgido a nível mundial.
“São cerca de 200 casos a nível mundial, com 20 casos de transplante hepático. De facto, aquilo que devemos fazer neste momento é ter os colegas de medicina geral e familiar e pediatras em grande alerta, para poderem monitorizar e as pessoas estarem sensibilizadas para alguns sintomas nestas crianças”, salientou.
Lacerda Sales reforçou que, neste momento, a preocupação do Governo é “monitorizar e acompanhar de perto a situação”.
“Não há nenhum caso em Portugal e não há nenhum motivo para alarme. De qualquer forma, convém dizer que temos uma equipa de transplante hepático pediátrico no Hospital Universitário de Coimbra para poder acompanhar de perto caso haja necessidade”, observou, lembrando que faltam ainda saber os resultados do caso suspeito que deu entrada no domingo no Hospital de São João.
Questionado sobre se a pandemia da covid-19 e consequentemente, a vacina contra o SARS-CoV-2 continuava a ser vista como uma possível causa para a origem do surto de hepatite, Lacerda Sales afirmou que tal “não está descartado”.
“É óbvio que numa doença em que neste momento se conhece ainda muito pouco a nível mundial e se está a fazer esse estudo, nada se pode descartar, mas neste momento também não é a primeira hipótese de diagnóstico”, acrescentou.
No domingo, a OMS anunciou que uma criança morreu vítima do misterioso surto de doença hepática que está a afetar crianças na Europa e nos Estados Unidos, sem revelar em que país ocorreu a morte.
O surto “de origem desconhecido”, que foi anunciado pela OMS a 15 de abril, causa inflamação do fígado e “em muitos casos”, sintomas gastrointestinais como dores abdominais, diarreia e vómitos, e elevação das enzimas do fígado.
Madremedia/Lusa