A administração do Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga (CHEDV), que tem em Santa Maria da Feira a sua principal unidade, admitiu hoje estar perto de esgotar a sua capacidade de internamento para doentes com covid-19.
Fonte oficial da estrutura que tutela o Hospital São Sebastião e os hospitais de Oliveira de Azeméis e São João da Madeira, todos no distrito de Aveiro, revelou à Lusa que tem 129 utentes em enfermarias de cuidados intermédios e 24 na de cuidados intensivos, o que representa um total de 153 pacientes internados devido ao vírus SARS-CoV-2.
“Seja por questões de espaços físicos, seja por questões de recursos humanos, o CHEDV tem estado nestes últimos dias perto do seu limite de resposta”, informa a administração, realçando que isso se verifica mesmo após a contratação adicional de “mais de 150 profissionais dos vários grupos de funções na saúde, através dos mecanismos de contratação de pessoal” legalmente criados para o período de pandemia.
A administração desse equipamento nota que a referida ocupação em regime de internamento “faz do CHEDV uma das unidades com maior número de doentes internados por covid-19 da área sob tutela da Administração Regional de Saúde do Norte [ARSN], pelo que a taxa de esforço para responder às necessidades destes doentes face à lotação do hospital é elevadíssima”.
Mesmo tendo suspendido todas as cirurgias de forma a manter apenas as oncológicas e urgentes, o hospital da Feira tem-se visto “diariamente com a sua capacidade ocupada em níveis perto dos 100%”, em virtude de uma “gigantesca procura”.
Por esse motivo, os doentes que extravasam a lotação do Hospital São Sebastião vêm sendo encaminhados para outros hospitais do Serviço Nacional de Saúde e da rede convencionada, nomeadamente no setor privado.
“Temos conseguido dar resposta às necessidades da população, fruto do enorme empenho das nossas equipas e da dedicação e espírito de colaboração de todos os serviços. O CHEDV também tem obtido uma excelente colaboração por parte da ARSN na distribuição de doentes por outras unidades hospitalares da região nos momentos em que temos necessitado”, explicou a administração.
A pressão continua, no entanto, a manifestar-se de forma transversal em todo o sistema de saúde, pelo que o CHEDV receia fragilidades crescentes.
“O que sentimos é que a grande maioria das unidades hospitalares – públicas e privadas – está em sobrecarga, pelo que nem sempre tem havido disponibilidade de apoio na medida ou com a rapidez que desejaríamos”, referiu.
O mesmo se aplica ao encaminhamento de doentes que, embora aptos a deixar o internamento hospitalar, só podem obter a devida alta médica e convalescer em casa se tiverem como garantir acompanhamento domiciliário.
O CHEDV tem feito “a articulação possível” com duas estruturas de retaguarda a operar na Feira, uma específica para doentes covid e outra para pacientes sem essa patologia, mas, “apesar de ser positiva a existência desses espaços”, ainda há problemas.
“Alguma rigidez de critérios na admissão de utentes tem impedido que essas estruturas alcancem a eficácia desejada”, assegura a administração do CHEDV.