A maioria das escolas não acolheu hoje qualquer aluno de pais com profissões classificadas essenciais nesta fase de pandemia do novo coronavírus, segundo informações avançadas à Lusa pelos diretores escolares.
Cerca de 600 escolas estão desde hoje de prevenção para garantir as refeições dos alunos carenciados e acolher os filhos de profissionais de saúde e de emergência. Todas as outras, num universo que ronda as 3.500, estão de portas fechadas e as aulas fazem-se à distância.
“Só em último recurso é que os pais deixam as crianças nas escolas. O meu agrupamento, por exemplo, tem cerca de 2.300 alunos e não tive nenhum pai que optasse por deixar aqui o filho”, contou à Lusa Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) e diretor do agrupamento de escolas Dr. Costa Matos.
Hoje, na escola sede do agrupamento de Filinto Lima esteve apenas o diretor, dois funcionários da secretaria e três assistentes operacionais. A situação repete-se um pouco por todo o país.
Há cerca de 600 escolas preparadas para receber os alunos mas nem Filinto Lima nem Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), souberam de alguma onde tal tivesse acontecido.
Manuel Pereira lembrou que os pais devem avisar com antecedência que terão de deixar os filhos e que a medida se aplica apenas aos trabalhadores com profissões classificadas essenciais neste período de pandemia do novo coronavírus, como médicos, enfermeiros ou forças de segurança.
“Tenho estado em contacto com diretores de escolas e hoje não apareceram alunos. Admito que no futuro, quando a situação se agravar, que a escola possa ter de ser a solução para deixar os filhos. E estaremos preparados e disponíveis para o fazer”, sublinhou Manuel Pereira.
Neste momento, os professores estão a trabalhar de casa mas, em caso de necessidade, podem ser requisitados para ir para a escola, caso apareçam alunos, acrescentou Filinto Lima.
“Tudo isto é novo para todos nós. Estamos todos a adaptarmo-nos a uma nova realidade. Estamos todos a viver de forma muito diferente daquela que vivíamos há três ou quatro dias”, lembrou Filinto Lima, sublinhando “o esforço e dedicação de todos os que trabalham nas escolas”.
Segundo dados da Direção-Geral dos Estabelecimento Escolares (DGEstE), que foram entretanto corrigidos, há quase 300 escolas de referência na região norte, na zona de Lisboa e Vale do Tejo são 194. No centro, estão 91 estabelecimentos de ensino abertos, no Alentejo são 62 e no Algarve 30.
Estas cerca de 600 escolas são a exceção à decisão de encerrar todos os estabelecimentos de ensino desde creches a universidades e politécnicos, uma das medidas avançadas no final da semana passada pelo Governo para tentar controlar a disseminação do novo coronavírus.
No fim-de-semana, a ministra da Saúde anunciou que os profissionais de saúde poderiam usar o subsídio – que lhes seria entregue se ficassem em casa com os filhos – para contratar alguém para tomar conta dos seus filhos, em alternativa a deixar as crianças nas escolas.
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) defendeu hoje o alargamento a todos os trabalhadores de serviços essenciais desse direito atribuído aos profissionais de saúde.
Lusa