O Governo português anunciou hoje que as autoridades chinesas já deram autorização para o repatriamento dos cidadãos nacionais retidos em Wuhan, devido ao novo coronavírus, e que o voo “será realizado logo que respeitados os devidos procedimentos”.
“Podemos informar que esse processo [de autorização] já está concluído de modo que o voo será realizado logo que respeitados os devidos procedimentos técnicos e regulamentares”, indica, em comunicado divulgado hoje, o gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Os 17 portugueses retidos em Wuhan, cidade chinesa colocada sob quarentena, foram notificados que o voo a partir do qual estava planeado serem retirados hoje à noite foi adiado para sábado, disseram à Lusa.
O voo partiu na quinta-feira de Portugal rumo a Paris e deveria ter saído hoje rumo a Hanói e depois a Wuhan, no centro da China, para resgatar cidadãos europeus, incluindo os 17 portugueses.
A China elevou para 213 mortos e quase 10 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais de 50 casos de infeção confirmados em 20 outros países – Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Austrália, Finlândia, Emirados Árabes Unidos, Camboja, Filipinas e Índia.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto do novo coronavírus na China.
Vários países já começaram o repatriamento dos seus cidadãos de Wuhan, uma cidade com 56 milhões de habitantes que foi colocada sob quarentena, na semana passada, com saídas e entradas interditadas pelas autoridades durante um período indefinido, e diversas companhias suspenderam as ligações aéreas com a China.
A Comissão Europeia ativou na terça-feira o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, a pedido da França.
Os coronavírus são uma larga família de vírus que vivem noutros animais (por exemplo, aves, morcegos, pequenos mamíferos) e que no ser humano normalmente causam doenças respiratórias, desde uma comum constipação até a casos mais graves, como pneumonias.
Os coronavírus podem transmitir-se entre animais e pessoas. A maioria das estirpes de coronavírus circulam entre animais e não chegam sequer a infetar seres humanos. Aliás, até agora, apenas seis estirpes de coronavírus entre os milhares existentes é que passaram a barreira das espécies e atingiram pessoas.
O novo coronavírus da China, com o nome 2019-nCoV, trata-se de um vírus da mesma família do vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (que provocava pneumonias atípicas e atingiu o mundo em 2002-2003) e da Síndrome Respiratória do Médio Oriente, em 2012.
Estes dois tipos de coronavírus são até agora os que tiveram capacidade de atravessar a barreira das espécies e de se transmitir a humanos e que apresentam quadros de alguma gravidade.
Onde já chegou o coronavírus?
China: 170 mortos e 7.700 casos confirmados em todo o país.
Macau: estão confirmados sete casos.
Hong Kong: dez pessoas são portadoras da doença. Algumas delas passaram por Wuhan.
Tibete: foi reportado um caso.
Japão: as autoridades sanitárias do Japão confirmaram 11 casos, incluindo os dois primeiros no país de transmissão de humano para humano.
Malásia: oito casos confirmados, todos chineses, que estão hospitalizados. O quadro dos pacientes é estável.
Singapura: dez casos confirmados. Todos os pacientes chegaram de Wuhan.
Coreia do Sul: quatro casos confirmados.
Taiwan: confirmados oito casos até agora, incluindo duas mulheres chinesas, de 70 anos, que chegaram ao país como parte de um grupo de turistas em 22 de janeiro.
Tailândia: 14 infecções confirmadas na terça-feira, a taxa mais elevada fora da China.
Vietname: dois casos confirmados. São dois chineses, um homem que chegou a 13 de janeiro de Wuhan e o seu filho, morador da cidade de Ho Chi Minh, no sul do Vietname.
Nepal: um homem de 32 anos de Wuhan apanhou o vírus. O paciente, que se encontrava inicialmente em quarentena, recuperou e recebeu alta.
Camboja: o ministério da Saúde do Camboja informou na segunda-feira do primeiro caso.
Sri Lanka: o primeiro caso na ilha foi confirmado a 27 de janeiro: um turista chinês de 43 anos que chegou da província de Hubei.
Austrália: sete casos confirmados.
Estados Unidos: cinco casos confirmados. Todos os afetados viajaram diretamente de Wuhan, segundo as autoridades.
Canadá: confirmado o primeiro caso do vírus na segunda-feira, um homem que viajou para Wuhan, e relatou um segundo caso – a sua esposa – que fez a viagem com ele.
França: cinco casos confirmados, um em Bordeaux e quatro em Paris.
Alemanha: quatro casos confirmados. Todos na Baviera e funcionários da mesma empresa.
Finlândia: primeiro caso confirmado na quarta-feira, um turista chinês procedente de Wuhan.
Emirados Árabes Unidos: quatro casos confirmados na quarta-feira, todos membros de uma família chinesa de Wuhan.
Rússia: confirmou sexta-feira, 31 de janeiro, os dois primeiros casos do novo coronavírus no seu território e anunciou a retirada dos seus cidadãos de várias regiões chinesas em consequência da epidemia.
Lusa