Chama-se Luís Filipe Patrão Dias e é conhecido como “Lokes” pelos amigos desde o início da juventude. Aos 45 anos, Luís Filipe é muito mais que o Chef da Seleção Nacional de Futsal ou um empresário local. É um ser humano que, pelo seu modo afável de ser e pela qualidade do seu serviço, cativa a todos pela simpatia e, também… pelo estômago!
O Jornal Mira Online conversou com este conhecido e reconhecido Chef ainda antes da sua partida para o Mundial de Futsal que Portugal, brilhantemente, conquistou na Lituânia, a 3 de Outubro. A entrevista ficou guardada para ser publicada depois de uma eventual brilhante participação da seleção. Mais que isso, o que foi conquistado, foi o título que ainda faltava a Ricardinho – no seu último mundial – e seus colegas, soberbamente conduzidos por Jorge Braz e seus pares.
Naturalmente, quando contatado pela reportagem após o regresso, Lokes era um homem ainda mais feliz que antes da sua partida para o Leste europeu. Com a sensação do “do dever cumprido, na minha área” este homem que adora cozinhar desde quando se conhece por gente, também ele, contribuiu para que o resultado final se traduzisse numa vitória saborosa, bem ao jeito dos pratos que confeciona todos os dias, quer seja na cozinha do seu estabelecimento, quer seja em casa ou num outro local qualquer, em serviço.
Mas, feita a necessária introdução, fica – a partir de agora – um resumo de vida de um homem que parece ter nascido com o dom de transformar ideias em sabores e cheiros que são capazes de agradar a todos os paladares.
Tendo feito a Escola de Hotelaria de Coimbra entre os anos de 1994 e 1997, na área de “cozinha e pastelaria, mas com nítida apetência para a arte de cozinhar”, Luís Filipe, pouco tempo depois, foi “fundador da parceria entre a Escola e o Hotel Quinta das Lágrimas”, onde deu seus primeiros grandes passos na profissão que acabara de abraçar.
Seguiram-se, então, “as Pousadas de Portugal e o Hotel Tivoli” , que contribuíram, sobremaneira, para o seu crescimento como “homem e profissional” a ponto de ser convidado “com muita honra, de minha parte” para dar formação na área da cozinha, justamente na… escola em que estudara até bem pouco tempo!
Admitindo ter sido o início de “uma área adorável” a do ensino, “percebi que tinha o saber necessário para ensinar os futuros profissionais e, por conta daquele convite tive a experiência gratificante de dar formações em diversos locais da Zona Centro”.
Um dos grandes prazeres do Chef Luís é o de “aprender a trabalhar os produtos locais”. Por onde tenha andado – e já foram muitos, os pontos do globo – o mesmo homem que adora fazer tagliateles frescos, aprendeu a admirar pratos como o “sancocho” que conheceu na Colômbia, o “marisco e o arroz” na Coréia do Sul ou o “arroz com carne enrolada em folha de videira” que saboreou na Romênia.
Assim, no seu Salgaboca localizado na Praia de Mira, Luís Filipe Patrão Dias, vulgo Lokes para os amigos, procura dar novos aromas e prazeres para quem frequenta o restaurante. Adaptando o conhecimento adquirido à volta do mundo às preferências dos portugueses e aliando a tudo isto a sua natural criatividade, ele e sua equipa vão dando asas à receitas que deixam os clientes, literalmente… de água na boca!
O futuro
Mas, Lokes admite que, aos 45 anos, já não tem – naturalmente – a mesma vivacidade de 20 anos atrás e a mesma disponibilidade para longas viagens que lhe tiram de perto da família que construiu. Então, impôs-se a pergunta final: “que futuro pensa que a vida lhe reserva?”.
A resposta é enfática, rápida e precisa: “Meu projeto de vida está feito para que eu possa abrandar aos 55 anos! Não pretendo parar… de modo algum, mas quero ter o prazer de estar mais tempo com os clientes na sala, usufruir da qualidade de vida que me fez abdicar de Coimbra ou outros locais maiores, para estar no Concelho de Mira, quero conciliar o trabalho com a vida familiar – estou a estruturar isso – enfim, aproveitar os prazeres da vida de uma forma mais descompromissada!”
Este é um pequeno retrato de Luís Filipe Patrão Dias, o mesmo homem que o pai desejava que fosse PSP mas, que, por opção própria, e porque a sua vida é passada “90 por cento na cozinha” resolveu seguir por caminhos bem diferentes.
É o homem que, hoje, emprega 16 pessoas “de cá” e que compra produtos “de cá” porque acredita que, desta forma, contribui para o crescimento “de cá”, proporcionando aos moradores locais a possibilidade de “trabalharem no Concelho onde vivem”.
Luís Filipe é daqueles que vão buscar “o peixe à lota, vindos da arte-xávega… e, peixe mais fresco não há!”. Compra os “grelos nos Carapelhos e os legumes no Concelho” porque conhece a qualidade dos produtos da terra e do mar onde vive e porque “ajudar a economia local a girar é extremamente importante e uma mais-valia para o nosso desenvolvimento”.
Assim é o Lokes dos amigos e o Chef Luís Filipe para os que não têm o prazer de privar da sua companhia, nem que seja por um pequeno espaço temporal. De uma coisa pode ter a certeza, leitor: em 2021, ele é o mesmo homem e o mesmo excelente profissional que começou a nascer em 1994, o mesmo homem e profissional que ama de maneira abundante o que escolheu fazer na vida.
Pode ser que, dentro de dez anos, ou até menos, possamos todos, vê-lo sentado na sala do seu Salgaboca a dar-nos o prazer da sua companhia. Iremos ver, então, que valeu a pena esperar que o competente Chef desse lugar ao Lokes que transborda alegria e sorri, por qualquer motivo, esteja onde estiver…
Jornal Mira Online