Foi a 21 de Janeiro que mais de 125 alunos, acompanhados por professores, assistiram à encenação de Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente. A apresentação da peça esteve a cargo do grupo ContraPalco Produções de Teatro e decorreu no auditório do Centro Paroquial de S. Pedro, em Cantanhede.

Esta iniciativa foi, uma vez mais, promovida pela Rede de Bibliotecas de Cantanhede, em parceria com os estabelecimentos de ensino do concelho participantes, no âmbito do plano de atividades pedagógicas e culturais e de incentivo à leitura da Biblioteca Municipal.

O espetáculo foi exibido, em exclusivo, para os estudantes do 9.º Ano dos Agrupamentos de Escolas Lima-de-Faria (Cantanhede e Febres) e Gândara Mar, da Tocha e da Academia de Música de Cantanhede, cujo currículo escolar inclui o Auto da Barca do Inferno como obra de leitura obrigatória na disciplina de Português.

O Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, é considerado como uma verdadeira crónica de costumes da sociedade lisboeta do início do século XVI e foi representado pela primeira vez em 1517.  A farsa é baseada numa crítica severa aos problemas da sociedade da época, com forte apelo à sátira, ao escárnio e ao maldizer. Gil Vicente pretendia demonstrar, através das personagens utilizadas, padrões representativos das várias classes, os vícios de uma sociedade “podre”.

O Auto da Barca do Inferno é a primeira parte da chamada “Trilogia das Barcas” em conjunto com o Auto da Barca do Purgatório e o Auto da Barca da Glória, mas foi sempre mais popular e aplaudida pelo público, ao longo dos séculos, principalmente pela vertente cómica e humorística.

Sobre o grupo ContraPalco Produções de Teatro

Esta foi a segunda vez que a peça foi apresentada em Cantanhede pelo grupo ContraPalco Produções de Teatro. Este grupo de Teatro nasceu da ideia e vontade dos encenadores Ricardo Figueira e Alberto de Sousa, ambos possuidores de uma larga experiência de mais de doze anos em teatro didático. O grupo tem uma importante oferta educativa focada, também, em temas na área da saúde, um complemento ao projeto PES (Promoção e Educação para a Saúde) existente nas escolas, o que permite aos jovens adolescentes, através de uma experiência teatral próxima da linguagem que utilizam no seu dia a dia, serem provocados com temas de uma extrema importância no seu desenvolvimento enquanto ser humano.

Em apenas doze anos de existência o grupo ContraPalco Produções de Teatro conta com mais de 700 espetáculos realizados de norte a sul do País, num universo de 50 cidades, visualizados por mais de 66 mil espectadores.

Fundada em 2003, esta associação com sede em Lisboa, tem vindo a reunir um grupo de criadores nas áreas do teatro, artes plásticas, música e vídeo, com o intuito de se constituir uma plataforma dinamizadora de projetos culturais, promovendo a troca de experiências e a autonomia artística e profissional de criadores de sensibilidades diferentes.