O homem de Soure que é acusado de matar a mulher e a filha de 16 anos e de tentar matar a mais nova, de 13 anos, confessou esta quarta-feira em tribunal os crimes e confirmou grande parte da acusação que lhe era feita pelo Ministério Público.
O homem de 50 anos é acusado de matar com recurso a vários golpes de faca a mulher e a filha de 16 anos, na noite de 19 para 20 outubro de 2014, e de ter deixado a outra filha, de 13 anos, gravemente ferida.
Durante a sessão desta quarta-feira, no Tribunal de Soure, perante uma sala de audiências cheia, o arguido confessou o crime, referindo que a ideia seria morrerem os quatro.
A grande discordância em relação ao despacho de acusação está relacionada com o início do crime. Depois de a mulher ter recusado ter relações sexuais com o seu marido, esta terá ido buscar uma faca à cozinha, depois de este a tentar agarrar e beijar, ao contrário do que diz o Ministério Público, que afirma que foi o arguido a ir buscar a faca à cozinha.
Durante o depoimento do acusado, este referiu que a mulher lhe disse que “não valia nada”, que tinha “nojo” dele e de que “havia melhores homens”.
Nesse momento, a mulher terá agarrado numa faca e ameaçou matá-lo, caso lhe voltasse a tocar. “Tirei-lhe a faca da mão e esfaqueei-a”, contou o arguido, sublinhando que achou que a relação entre os dois teria acabado naquele momento.
A mulher começou a gritar e a fugir em direção à porta da casa, altura em que a filha mais velha se terá posto entre os dois, tendo sido também esfaqueada. De forma a evitar que alguém fugisse, o arguido trancou a porta de casa.
Quando surgiu a filha mais nova, esta também foi esfaqueada. Apesar dos gritos de socorro das filhas e de uma ter dito que era “demasiado nova para morrer”, o arguido continuou a desferir golpes na mulher e filhas.
Questionado do porquê de tentar matar as duas filhas, o arguido sublinhou que o objetivo era “acabar com o sofrimento” de ficarem sem mãe, tendo dito às próprias filhas que “não ia ficar ninguém”.
Posteriormente, o homem foi para o seu quarto, depois de ter “desferido umas quatro ou cinco facadas” em si próprio. Deitou-se na cama e sentiu-se a desfalecer. Quando a GNR entrou na casa, o indivíduo acordou e pensou que tudo o que tinha acontecido tinha sido “um sonho”.
Durante a sessão, o homem, que estava desempregado desde 2011, falou também da relação entre ele e a mulher, de que se tinha deteriorado nos últimos anos antes do crime e de que teria alguma suspeita de que esta o poderia estar a trair.
Apesar dos problemas conjugais e de o casal dormir separado, referiu que não havia discussões entre os dois.
Questionado pela defesa sobre como se sentia, o arguido afirmou estar arrependido. “Sinto uma tristeza”, notou.
“Sou um monstro”, respondeu, após uma longa pausa, à pergunta do juiz que preside o coletivo sobre que imagem este tinha de si próprio.
O julgamento conta com um júri composto por cinco mulheres e três homens.
O arguido está preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Leiria.
Fonte JN