Um tribunal francês condenou a nove anos de cadeia um homem de 43 anos acusado de, em 1998, ter matado à pancada a filha de dois meses em Viana do Castelo, onde então residia com a mãe da criança, de origem portuguesa, avança o Jornal de Notícias (JN)
Cyril Siette, que terá chegado a atirar a bebé com um pontapé contra uma parede, tem ainda de indemnizar a ex-companheira em 20 mil euros.
A investigação, iniciada em Portugal, esteve durante 23 anos a cargo das autoridades francesas, que, em 2010, chegaram a arquivar o caso, depois de o processo ter andado a saltar de comarca em comarca e de ter sido perdida documentação.
De acordo com a imprensa francesa, citada pelo JN, Siette, à data com 20 anos, conheceu Carla V., então com 24, em Paris, França, pouco antes de esta dar à luz. Apesar de não ser o pai biológico, o suspeito perfilhou a recém-nascida. Sem domicílio fixo e sob ameaça de ser denunciado aos serviços sociais por familiares, o casal decidiu mudar-se para perto dos avós da jovem, na região de Viana do Castelo. Os primeiros sinais de maus-tratos surgiram nas semanas seguintes.
Os bisavós da bebé ter-se-ão apercebido rapidamente de maus-tratos e o relacionamento entre todos deteriorou-se, tendo o casal acabado por se mudar com a filha para um apartamento em Viana do Castelo. Duas semanas depois, a 18 de março de 1998, a menina, então com dois meses e quatro dias, deu entrada inconsciente nas urgências, acabando por morrer a 1 de abril.
Ainda de acordo com o JN, segundo Carla V. – que, na altura, atribuiu os ferimentos da bebé a uma queda do fraldário –, Siette começou, na noite de 18 de março, por sacudir a filha em várias direções. Depois, tê-lo-á atira do ao chão e “jogado futebol com o corpo”, pontapeando-a no estômago. A violência terá surgido após a criança ter regurgitado leite.
Depois da morte da bebé, o casal regressou a França, pelo que a investigação foi entregue às autoridades francesas.
Pai nega acusação
Segundo a imprensa francesa, o inquérito passou então sucessivamente por quatro comarcas distintas, conforme o casal ia mudando de residência. Separaram-se em 1999. Em 2003, foram ambos detidos para interrogatório. O pai negou ter sido violento.
A partir daí, o processo ficou parado sete anos. Foi perdida documentação relevante e, em 2010, um tribunal decretou a extinção da ação pública. A mãe não se conformou e, em 2012, mandou uma carta a um procurador. Foi aberto um inquérito complementar.
Após evitar ser notificado durante anos, Siette passou a ser o principal suspeito em 2017, mas insistiu que nada fez. Foi agora condenado.
O Minho