Como Mira enfrentou o apagão

29.04.2025 –

Todos, em todo o lado, foram apanhados de surpresa. Mira, como nos outros concelhos, arregaçou as mangas e foi à luta…

O Jornal Mira Online conversou com Artur Fresco, o Presidente da Câmara Municipal e com Ângelo Lopes, Coordenador da Proteção Civil do Concelho, para inteirar-se de como decorreram as atividades na segunda-feira, 28 de Abril de 2025, que ficou como (mais) uma data para ser recordada, no calendário das autoridades da emergência do município.

O autarca mirense, que estava “numa cerimónia de assinatura de um protocolo, em Coimbra” confessou ter ficado, num primeiro momento, “com a sensação de que a falta de energia teria acontecido no local onde estávamos. Porém, logo nos apercebemos de que não era só naquele local, nem mesmo em Coimbra… era algo muito mais vasto, segundo as informações que recebíamos…”

Desta forma, e com a necessidade do evento ter sido “concluído às pressas”, o Presidente da Câmara Municipal rumou para Mira onde, de imediato, reuniu-se “com a GNR, os Bombeiros e a Proteção Civil Municipal, para prepararmos a ativação do Plano Municipal de Emergência” que foi, no entanto, desativado na manhã desta terça-feira, em virtude da energia ter sido restabelecida na sua normalidade, ainda durante a noite de ontem.

Depois desta primeira reunião, seguiu-se outra, já com a presença de representantes das Juntas de Freguesia, IPSS´s do Concelho, Agrupamento Escolar e  ABMG, onde foram traçadas as medidas necessárias para o bom andamento do Plano de Emergência, “como foi, por exemplo, a garantia de que uma certa “fatia” do combustível em Mira, ficaria resguardada, a fim de que pudessem ser utilizadas pelas autoridades, em caso de emergência…”

Segundo o autarca, “a ABMG também teve um papel importante, tendo garantido, em muitas localidades que não existisse falta d´água”. “O depósito da Presa abasteceu o de Mira, como era previsto e isso ajudou a evitar que a generalidade das localidades ficassem sem água. Neste momento, (ao final da manhã) a normalidade terá voltado a cerca de 80% do que acontece no cotidiano”

Por fim, na segunda reunião, que ocorreu pelas 18:00 horas, ficou garantida a normalidade das atividades escolares já nesta terça-feira, visto que “estavam garantidas as refeições e a água nas escolas do Concelho” para além de terem sido garantidos, também, que “os remédios estariam refrigerados e que os Lares de Idosos teriam todo o suporte necessário para que a normalidade continuasse, dentro do possível, também na área da saúde e assitência social”, adiantou.

Para além dessas informações, é importante realçar, nas palavras de Ângelo Lopes, que “as comunicações foram salvaguardadas, para que não existissem falhas nos serviços, por atrasos ou, mesmo, falta de informações”. O coordenador da Proteção Civil assumiu, porém que “a lição que tiramos deste imprevisto, foi a de que deverá existir algum reforço pontual para estarmos mais reforçados…  no entanto, apesar de toda a imprevisibilidade do acontecimento, podemos dizer que o Município reagiu bem e conseguiu ultrapassar a situação sem problemas adicionais!”

A palavra dos empresários

Conversando, de forma informal com alguns empresários do Concelho, ficaram alguns lamentos sobre o ocorrido.  “Tivemos bastantes percas” assumiu um deles que tinha na sua casa, tudo devidamente preparado para fornecimento de almoços, principalmente para os jovens estudantes que elegem o local como ponto de encontro para o almoço.

Outro comerciante afirmou praticamente o mesmo e adiantou que, por conta da falta de energia e, como muitos dos clientes costumam “pagar com cartão” foram “avisando o público que os pagamentos por esta via estavam impossibilitados”. 

Já, para um empresário da Praia de Mira, que também está ligado à restauração, “a solução foi trabalharmos a meio gás. Ainda fizemos os almoços, mas depois era impossível dar continuidade.” Com percas “consideráveis a nível do gelado, dos peixes e do marisco”, para ele ficou a certeza de que “ficou explíto que Portugal não estava, de modo algum, preparado para isso. Somos dependentes da energia espanhola que, por sua vez também o é da francesa… isso é um círculo vicioso que nos mostra que, se calhar, não estávamos preparados para a transição energética que ocorreu com o fechamento de fábricas de carvão”.

Questionado sobre a sua opinião ao corropio da ida aos supermercados e às bombas de combustível que aconteceu novamente, ele assumiu “não ser capaz de perceber porque as pessoas fazem tal correria aos estabelecimentos, deixando – em alguns casos – prateleiras vazias, como se não houvesse amanhã… sinceramente, acho que pouco ou nada aprendemos com o COVID” desabafou.

Jornal Mira Online