A MUBi, coligação global de organizações que defendem a mobilidade em bicicleta, publicou hoje uma carta aberta na qual insta os governos presentes na Cimeira do Clima (COP26) a promoverem o aumento da utilização da bicicleta.
No documento, enviado aos governos e aos ministros responsáveis pela mobilidade e transportes antes do início da COP26, a MUBi, Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, defende que uma maior utilização deste meio de transporte reduzirá as emissões de carbono e contribuirá para “alcançar as metas climáticas de forma rápida e eficaz”.
Os signatários da carta aberta apelam aos governos e líderes presentes na COP26, a 26.ª conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas, que assumam “compromissos no sentido de aumentar significativamente os níveis de utilização de bicicleta nos seus países e se comprometam coletivamente a atingir uma meta global de níveis de utilização de bicicleta mais elevados”.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos estão reunidos desde 31 de outubro (e até 12 de novembro), em Glasgow, na Escócia, para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
“O mundo não pode dar-se ao luxo de esperar décadas para que os carros movidos a combustíveis fósseis sejam totalmente eliminados e substituídos por veículos elétricos. Temos de aproveitar urgentemente as soluções que a utilização de bicicleta oferece, ampliando radicalmente o seu uso”, apela a MUBi, em comunicado enviado hoje a propósito da carta aberta.
A coligação acredita que “a utilização da bicicleta representa uma das maiores esperanças da humanidade para uma mudança no sentido de um futuro sem carbono”.
Por isso, defende que pelo menos 10% do orçamento total do Estado para o setor dos transportes seja destinado à mobilidade em bicicleta.
Por exemplo, no caso de Portugal, os transportes rodoviários são “responsáveis por mais de 95% das emissões do setor dos transportes e também a principal causa da poluição do ar nas cidades”, segundo o comunicado.
“Portugal só poderá cumprir os acordos internacionais que assinou com uma transformação radical da cultura de mobilidade em Portugal”, frisa, no comunicado, o português Rui Igreja, dirigente da MUBi.
A COP26 decorre cinco anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7º C.
Madremdia/Lusa