A Câmara Municipal de Cantanhede aprovou na reunião de 2 de Julho, por unanimidade, um voto de pesar pelo falecimento, no dia 15 de junho, a médica obstetra Maria da Luz Conceição Ribeiro Pessoa, invocando para o efeito “o grande legado que deixa ao nível da medicina/obstetrícia e o seu exemplo de humanismo e cidadania, bem como a sua inexcedível dedicação profissional em benefício dos socialmente mais fragilizados e desprotegidos”.
O texto refere que, “além de ter provocado um misto de consternação e tristeza, a morte de Maria da Luz Conceição Ribeiro Pessoa representa uma enorme perda para o concelho de Cantanhede, deixando um sentimento geral de profunda gratidão pelo modo absolutamente exemplar como serviu a comunidade e as pessoas, sem outro interesse que não fosse o de cumprir com a maior elevação e rigor as exigências éticas e deontológicas da sua profissão. Na simplicidade e no recato, mas sempre solícita, foi uma vida plenamente realizada, cumprida, uma vida cheia em favor dos outros”.
No voto de pesar pode ler-se que a obstetra se destacou pela “nobreza de carácter, exemplo de generosidade e de entrega altruística à causa da medicina e de modo particular à causa da vida, tendo evidenciado grande coragem e determinação nas lutas em que se envolveu para garantir a promoção da dignidade humana. Sempre com brio profissional, com um espírito de maternal bondade, acolheu, aconselhou, serviu, acompanhou e ajudou inúmeras mulheres do concelho de Cantanhede a darem à luz os seus filhos”.
Maria da Luz Conceição Ribeiro Pessoa nasceu em Penafiel em 1933 e iniciou os seus estudos em medicina na Faculdade de Medicina do Porto, mas viria a concluir o curso na Universidade de Coimbra, em 1955, ano em que passou a residir na Pocariça, de onde era natural o seu marido.
Em novembro de 1970 especializou-se em Obstetrícia, no Instituto Maternal, hoje Maternidade Bissaya Barreto, e foi docente assistente de obstetrícia na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, mas a partir de 1974 dedicou-se inteiramente à carreira hospitalar.
De 1972 a 1983 assegurou consultas da sua área de especialização nos serviços Médico-Sociais e de 1972 a 1976 deu assistência e apoio à maternidade do Hospital de Cantanhede.
Granjeou o respeito e a admiração dos alunos e seus pares, quer enquanto docente quer enquanto médica, sendo uma referência incontornável na área da obstetrícia.
Mulher de cultura e de grande sensibilidade no relacionamento humano, distinguiu-se também na procura de novos caminhos na sua área de especialização, na organização da prestação dos serviços e no apoio à maternidade e à vida nascente, tendo visto aplaudidas muitas das intervenções decisivas que fez em termos profissionais.
Em 1993, a comunidade que serviu prestou-lhe a justa e devida homenagem, reconhecendo publicamente a sua dedicação abnegada, e a então Junta de Freguesia de Pocariça e a Câmara Municipal de Cantanhede atribuíram o seu nome à rua onde viveu desde que se mudou para o concelho, na Pocariça, em cujo cemitério se encontra agora sepultada.