Cientista da UMinho lidera investigação mundial para desvendar origem da sarcoidose

08.08.2025 –

O investigador Agostinho Carvalho, da Universidade do Minho (UMinho), conquistou um financiamento superior a 450 mil dólares (cerca de 390 mil euros) da norte-americana Ann Theodore Foundation para coordenar um estudo de dois anos sobre os mecanismos da sarcoidose – uma doença inflamatória rara e pouco compreendida, que afeta anualmente até 40 em cada 100 mil pessoas em todo o mundo.

A investigação decorre no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da UMinho, em colaboração com o pneumologista Hélder Bastos e o consórcio FIBRALUNG, responsável pelo maior registo de doentes e biobanco nacional dedicado a doenças pulmonares intersticiais.

O projeto irá analisar como os macrófagos – células-chave do sistema imunitário – alteram o seu comportamento perante agressões como bactérias ou partículas estranhas. Quando estas células se agrupam como barreira, podem desencadear inflamação crónica. A equipa vai estudar, em particular, o papel de pequenas “bolsas” no interior dos macrófagos que engolem e digerem partículas, procurando perceber se a dinâmica destas estruturas interfere no funcionamento das células e, consequentemente, no desenvolvimento da sarcoidose.

Através da combinação de modelos celulares, metodologias de ponta e amostras de doentes, pretendemos clarificar como estes mecanismos influenciam o início e a evolução clínica da doença”, sublinha Agostinho Carvalho.

A sarcoidose manifesta-se frequentemente através de fadiga persistente, falta de ar, tosse, febre, perda de peso e inchaço dos gânglios linfáticos. Afetando maioritariamente pessoas em idade ativa, tem impacto relevante na qualidade de vida e no plano socioeconómico, reforçando a necessidade de mais investigação.

Reconhecimento internacional

O financiamento integra a “Breakthrough Sarcoidosis Initiative”, lançada pela Ann Theodore Foundation em parceria com o Milken Institute, que apoia, desde 2021, projetos interdisciplinares de excelência na identificação das causas, variabilidade e possíveis tratamentos da doença.

Natural de Fafe, com 45 anos, Agostinho Carvalho é doutorado em Ciências da Saúde pela UMinho e pós-doutorado pela Universidade de Perugia (Itália). Vice-diretor e investigador principal no ICVS desde 2014, soma 150 publicações científicas, uma patente e distinções como o Prémio Jon van Rood, pelo seu contributo na imunogenética. Ao longo da carreira, já atraiu apoios do programa europeu Horizonte 2020, da Fundação “la Caixa”, da Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, bem como de empresas como a Gilead e a Mérieux.

Atua ainda como membro do conselho editorial de várias revistas científicas e foi consultor de agências ligadas à Comissão Europeia e a entidades internacionais como o Wellcome Trust (Inglaterra) e a Agence Nationale de la Recherche (França).

Jornal Mira Online
📌 Fonte: Universidade do Minho