CICLOVIA: OPINIÃO DO PSD

Grande parte do desenvolvimento socioeconómico do concelho de Mira está ancorado no turismo. Por sua vez, o turismo, outrora um turismo de sol e mar, desenvolve-se hoje também à custa do vasto património ambiental, paisagístico, arquitetónico e humano do concelho que é, em larga medida, ímpar. A riqueza ambiental de Mira não é de hoje: tem largas dezenas de anos. No entanto, só nas duas últimas décadas atingiu um desenvolvimento de relevo. O concelho dispõe de lindíssimos recantos disseminados nas suas florestas constituídos por sítios aprazíveis ao longo dos seus cursos de água onde se podem observar os seus moinhos e a sua avifauna.

Se é certo que esta riqueza não é de hoje, certo é que nunca como hoje, está preservada e visitável e por isso valorizada.

É neste contexto que surge a importância das ciclovias do concelho de Mira. Por um lado, são elas que, pela primeira vez, de um modo fácil, convidam e permitem ao visitante a descoberta deste riquíssimo património. Por outro lado, ao consciencializar-nos da sua importância para o nosso desenvolvimento económico, a ciclovia aumentou o nosso grau de consciencialização para a preservação do nosso património ambiental, humano e arquitetónico. Se é certo que a autarquia acordou para a necessidade da sua preservação, também não é menos certo que os particulares reagiram muito positivamente, através da preservação da nossa cultura de que o interesse na reconstrução dos moinhos é um exemplo eloquente.

Surgida há cerca de duas décadas, a ciclovia foi sendo sucessivamente aumentada e melhorada percorrendo hoje o concelho de norte a sul. Ao longo da sua existência tem sido dotada pela autarquia de alguns pontos de apoio ou de interesse, tais como, o “Sítio do Cartaxo”, hoje a cargo da AMAARG, ou mais recentemente, a pista desportiva situada entre o Lodge Park e o aldeamento Miravillas.

Percorrer as ciclovias de Mira é hoje claramente um excelente meio para exercitar o físico, pela atividade física que permite, e o espírito, pelo equilíbrio que a sua componente ambiental e humana proporcionam.

As ciclovias têm naturalmente custos de manutenção: há que mantê-las limpas e reparadas. Custos muitas vezes não negligenciáveis. Aquando da sua entrada, o atual executivo municipal encomendou um estudo às suas patologias e aos custos de reparação, tendo esta sido orçada em cerca de 250.000€. Convenhamos que, sem ajudas comunitárias, esta verba representa um encargo muito pesado para o município. Mas enfim, o que tem de ser feito, tem de ser feito. Há, no entanto, neste domínio, uma reflexão que tem de ser feita: uma coisa é a sua natural degradação pela sua normal utilização; outra, bem diferente, é a que resulta da sua utilização indevida. Todos sabemos que toda a estrutura das ciclovias foi feita para uma utilização por peões e velocípedes. Ora, todos sabemos que é abusivamente utilizada por todo o tipo de veículos, desde tratores agrícolas, viaturas ligeiras e pesadas e motociclos. Para além de colocarem, gratuitamente, em risco a vida dos visitantes provocando a sua natural revolta, este tipo de utilização provoca a degradação acelerada desta infraestrutura, uma vez que nem a sua base, nem as suas pontes em madeira foram construídas para este tipo de utilização.

A utilização correta das nossas ciclovias será naturalmente uma forma de atrairmos mais visitantes à nossa terra para além de evitarem a delapidação desnecessária dos recursos financeiros de todos nós. Cada vez que degradamos desnecessariamente algo que pertence ao património municipal estamos a gerar despesa desnecessária que irá fazer falta em investimentos de interesse comunitário. Nunca é demais lembrar o conceito de município. Basicamente, um município é constituído por um território e pela comunidade humana a ela associada. Logo, quando delapidamos património municipal, desperdiçamos recursos de todos e de cada um de nós.