Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede Jornada de estreias em Cantanhede, Pocariça, Cadima e Franciscas

12 e 13 de março

São quatro as estreias da jornada do Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede que se realiza no próximo fim-de-semana. Como habitualmente, e de acordo com o modelo de organização deste programa de revitalização da atividade teatral, os grupos cénicos envolvidos iniciam a sua participação “em casa”, perante o seu público, a que se seguirá a visita a entidades congéneres no âmbito do programa de itinerância previsto.

No sábado, às 21h30 horas, o Grupo de Teatro São Pedro (Cantanhede) apresenta no Auditório do Centro Paroquial de S. Pedro um novo musical, da autoria de Dulce Sancho. O enredo de Coragem de Sonhar remete para uma aldeia em festa, onde gente simples que acredita no melhor que a vida tem, ainda que construída numa dialética de encontros e desencontros, alegrias e dissabores, sorrisos e lágrimas.

Também no sábado, à mesma hora, o Grupo de Teatro, Arte e Cultura da Associação Musical da Pocariça estreia na sua sede Solução XVIII, uma peça com ação centrada num ensaio de um grupo cénico que é invadido por três personagens que consideram ter um grande projeto para a evolução do XVIII Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede. Depois de muitas incertezas por parte do diretor, de desprezo por parte dos atores, da pressão e das assombrações a que os intervenientes são sujeitos, no final todos convergem para uma solução consensual.

Ainda no sábado, igualmente às 21h30 horas, o Grupo de Teatro Amador da União Recreativa de Cadima apresenta no salão da Junta de Freguesia duas peças de géneros completamente diferentes: Espada de Cristal, da autoria de Fernanda de Castro, é um drama sobre as vicissitudes por que passam dois amantes que tentam de tudo para viver e concretizar o seu sonho, enfrentando para tal muitos obstáculos; Uma Trapalhada, comédia de costumes a partir do original de José Correia de Sousa, tem um enredo destinado a contrariar a expressão popular que sustenta que a mentira tem sempre perna curta. Na verdade, nem sempre é assim!

Finalmente, no domingo, desta vez às 15h30, o Grupo de Teatro da Associação do Grupo Musical das Franciscas sobe ao palco da sua sede com duas comédias: Por causa de um sobretudo, de Aníbal Nobre, é um jogo de equívocos a partir da troca de um sobretudo que gera um conflito insanável entre um saloio e um caloteiro; A Freira desastrada e os pastéis de Belém é uma história sobre os dotes surpreendentes de uma freira preguiçosa e dorminhoca que, estando de castigo, consegue surpreender admiravelmente a Madre Superiora com a invenção da receita dos pastéis de Belém.

O Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede é, recorde-se, uma ação que a Câmara Municipal tem vindo a promover desde há 18 anos consecutivos, com a participação dos grupos cénicos com tradição nesta área. Na edição deste ano estão envolvidas mais de 300 pessoas, a maioria como atores, mas também muitas outras nas diversas tarefas inerentes á produção, montagem e encenação dos espetáculos.
Para a autarquia cantanhedense, o intercâmbio entre os grupos cénicos participantes, e os resultados obtidos, quer ao nível do desenvolvimento artístico e técnico das suas produções teatrais, quer no que diz respeito à formação de novos públicos, justifica a atribuição de um subsídio para as despesas inerentes à preparação, montagem e representação das peças e ainda o significativo apoio no que diz respeito à logística e divulgação.

Sobre o Grupo de Teatro S. Pedro

Nascido do grupo Coral Litúrgico da Paróquia de Cantanhede, em 2005 com a realização dos primeiros ensaios, o Grupo de Teatro S. Pedro juntou o gosto de cantar e o gosto da representação com a dedicação à causa da Igreja local e preparou a sua primeira apresentação para a inauguração do Centro Paroquial S. Pedro, em junho de 2006.
Tratou-se de um musical intitulado “Festa na Aldeia” que contou maioritariamente com elementos do grupo Litúrgico e do Grupo de Jovens de Cantanhede e cujo primeiro objetivo era angariar fundos para o referido Centro. Dada a grande aceitação por parte do público da cidade e do concelho, integrou-se, em 2007, no IX Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede, organizado pela Câmara Municipal.

Em 2008 participou no X Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede com o musical “J.C. Ontem, Hoje e Sempre” que reapresentou na edição anterior com os devidos ajustes. Em 2009, levou a palco “Recordar… e viver…”, no ano seguinte representou “Tributo ao passado” e em 2011 “De malas feitas”. Em 2012, participou no Ciclo de Teatro com a peça “Uma história com fado”, no ano em que o mesmo foi classificado pela UNESCO Património Imaterial da Humanidade.
Fazem parte deste grupo cerca de 25 atores, jovens e adultos e é sua orientadora Maria Dulce Sancho, autora dos textos com o grupo se apresenta, não dispensando todas as colaborações dos elementos do Grupo.

Sobre o Grupo de Teatro, Arte e Cultura da Associação Musical da Pocariça

O teatro na Pocariça remonta ao ano de 1895, quando começaram a ser feitas várias representações por um grupo de amadores de Coimbra. Um dos elementos deixou o grupo e decidiu organizar uma sociedade dramática, apenas constituída por amadores da Pocariça, que foi designada de Recreio Artístico. Apesar da saída de alguns membros do Recreio Artístico pouco depois da sua fundação, o agrupamento ainda subiu ao palco em fevereiro de 1896.
Em 14 de julho desse mesmo ano nasceu outro grupo de teatro amador, que foi batizado de Sociedade Dramática Pocaricense e que teve a sua estreia com a peça “Os Milagres de Santo António”.

Um novo grupo dramático foi constituído em 1909 com o objetivo específico de angariar fundos para a construção de uma casa de teatro na Pocariça. Constituído exclusivamente por elementos da localidade, este grupo exibiu as primeiras peças em Abril, como a opereta intitulada “Canto Celestial” e outras peças, entre as quais um original de José Gomes Lopes, intitulado “Milagres de Amor”, o mais recordado de todos. Com a receita destas peças e com o produto de uma subscrição pública foi possível instalar um palco, camarins, vários cenários pintados e ainda pano de boca de cena.

Em abril de 1914 foi representada a última récita, uma vez que, pouco tempo depois, o prédio teve novo dono e desapareceu assim o passatempo de representar peças teatrais.
O Grupo Cénico da Pocariça surge já na década de 1950, sob orientação de Mário Pereira da Silva. Aí se revelaram atores amadores de grande vocação artística.
Para manter viva esta tradição ligada ao teatro amador, foi criado em 2000 o Grupo de Teatro, Arte e Cultura, no seio de outra coletividade de referência, a Associação Musical da Pocariça. A inspiração para este grupo está ligada ao trabalho artístico da atriz de teatro musical que conquistou fama a nível internacional, Auzenda de Oliveira, nascida na Pocariça em 1888.
O Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede, organizado pelo Município, serviu também de pretexto para trazer de volta a atividade teatral e de lhe dar um caráter sistemático e regular.
“Saudades da minha Terra” foi o primeiro êxito desta formação mais reduzida, mas também a opereta “Entre Duas Avé Marias”, peça dos anos 1950, ajudou a cimentar a reputação deste coletivo.
O Grupo participa ininterruptamente no Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede desde a sua 4.ª edição em 2001-2002.

Sobre o Grupo de Teatro Amador da União Recreativa de Cadima

O Grupo de Teatro Amador da União Recreativa de Cadima (URC) nasceu por iniciativa da direção da URC, no ano 2000. Na sequência da informação recebida por esta associação da realização do II Ciclo de Teatro, promovido pela Câmara Municipal de Cantanhede, esta direção decidiu contactar/convidar algumas pessoas com anterior experiência de palco, em Cadima. É dessa forma que o Grupo de Teatro renasce já que, até meados da década de 1980, se ia fazendo algum teatro na coletividade.
Habitualmente, o grupo não recorre a textos próprios. Farsas são o tipo de peça que mais agrada levar à cena. Contudo, e em virtude das dificuldades em encontrar peças deste cariz, cujo conteúdo agrade aos elementos do grupo, tem levado à cena vários dramas, mas também pequenas comédias. É essencial, qualquer que seja o estilo de peça levada à cena, que o texto transmita uma mensagem.
Em 2008, pela dificuldade já mencionada em encontrar peças, o grupo decidiu não integrar o Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede, mas não deixou de receber um dos grupos que estava nele inserido. No mesmo ano, e para não parar a atividade, realizou uma “soirée” com declamação e teatralização de vários textos em prosa e poesia.
Para além das atuações no Ciclo de Teatro, o grupo tem aceitado convites para apresentar o seu trabalho por parte de coletividades do Concelho e fora deste, designadamente Cordinhã, Caniceira e Canelas, em Vila Nova de Gaia, com as quais tem partilhado enriquecedoras experiências, contributos relevantes para a própria dinâmica que o grupo tem assumido.
No ano 2006, um grupo de teatro da Escola Pedro Teixeira acompanhou o grupo nas suas atuações com uma peça da sua autoria.

Sobre o Grupo de Teatro da Associação do Grupo Musical das Franciscas

Remonta a largos anos atrás o envolvimento da população das Franciscas nas atividades das artes de palco, havendo dados que referem representações de 1931 como uma atividade bem expressiva da comunidade local, que com grande brio preparava as diversas atuações públicas. Esta prática manteve-se até 1960, sensivelmente, ao que se seguiu um período menos ativo.
Mas a paragem foi meramente pontual, pois a vontade, a arte e o engenho que caracteriza as gentes das Franciscas não tardou em voltar a manifestar-se, tendo a atividade teatral sido recuperada por volta de 1970, permanecendo em plena expressão até ao ano de 2002. O Grupo de Teatro da Associação do Grupo Musical das Franciscas foi um dos pioneiros no Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede que o Município de Cantanhede iniciou em 1998.
Posteriormente, por dificuldades várias, voltou a ausentar-se em algumas edições, mas regressa agora que está concluída grande parte das obras da sede social, com motivação acrescida e renovada dos seus corpos sociais.
Conforme referem os responsáveis, o grupo volta a aparecer em cena com pujança e vontade de fazer perdurar o legado cultural herdado de outros tempos e que se mantém com a predisposição natural da população das Franciscas para a representação teatral.