O lendário maestro e diretor de música honorário da Metropolitan Opera em Nova Iorque, James Levine, é acusado de abuso de um adolescente na década de 80, tornando-se a mais recente figura pública implicada num escândalo de assédio sexual.
A alegada vítima, que mantém o anonimato, revelou à polícia de Illinois que os factos teriam começado em 1985, quando tinha 15 anos e o maestro 41, e continuado até 1993, segundo noticiam os jornais “New York Post” e “The New York Times”.
“Estamos profundamente abalados pelas notícias na imprensa (…) sobre James Levine”, reagiu a Metropolitan Opera, adiantando estar a conduzir “uma investigação para determinar se as acusações de agressão sexual são verdadeiras” e tomar as “medidas adequadas”.
Estas acusações não podem ser objeto de processos judiciais, uma vez que o prazo de prescrição de crime sexual contra menor, naquele Estado, já foi ultrapassado.
Em 2016, um relatório da polícia dava conta destas acusações, mas “James Levine afirmou que eram totalmente falsas”, disse a direção da Meropolitan.
“Ele envergonhou-me e fez-me sentir culpado”, disse a alegada vítima, agora com 48 anos, na sua declaração à polícia, de acordo com o jornal. “Fiquei emocionalmente ferido, perdido, paralisado”, acrescentou.
O contacto sexual começou por carícias na mão do jovem “de forma prolongada e incrivelmente sensual”, o que o terá feito sentir-se “muito desconfortável”. Seguidamente, o homem acusa James Levine de lhe ter acariciado o sexo, numa sala de um hotel de luxo, em Lake Forest, onde a cena se teria repetido “centenas de vezes” ao longo dos anos.
De acordo com o “New York Post”, o homem terá informado a polícia de Lake Forest, Illinois, de que James Levine costumava masturbar-se à sua frente e beijar-lhe o sexo.
Os encontros da alegada vítima com Levine, sob o pretexto de falarem sobre as suas ambições no mundo da música clássica, terão continuado até 1993.
De acordo com o “New York Post”, além de vários presentes, como batutas de maestro, Levine ter-lhe-á dado 50 mil dólares em dinheiro ao longo dos anos.
A alegada vítima afirma que estas agressões “levaram-no à beira do suicídio”. “Eu senti-me solitário, assustado, ele estava a tentar seduzir-me e eu não conseguia ver o que estava a acontecer, agora eu consigo”, disse ele à polícia.
“James Levine não era alguém a quem se pudesse dizer não”, acrescentou.
James Levine começou sua carreira no “Met” em Nova Iorque, em 1971, dirigindo mais de 2.500 apresentações de quase 85 óperas diferentes. Depois de 40 anos na direção musical da ópera, reformou-se no final da temporada 2015-16, por razões de saúde, vítima da doença de Parkinson. No entanto, manteve um cargo de Diretor de Música Honorária.
Desde que rebentou o caso de Harvey Weinstein, em outubro, inúmeros escândalos relacionados com acusações de assédio, agressão sexual e até mesmo de violação, vieram a público, afetando, além do cinema, setores como os de media e da política, em diversos países.
Lusa