Chegando ao Seixo, é só seguir em frente, rumo às Cabeças Verdes…
E, é naquela pequena terra, no extremo norte do Concelho de Mira, que está localizada a CERCIMIRA, uma Instituição que nasceu e cresceu (e vai crescendo…), tendo sido vocacionada para o “ensino especial” desde a primeira hora.
Fundada em 22 de Maio de 1978, com suas primeiras instalações localizadas numa casa particular. Quem a conhece hoje, sabe que a grandeza desta casa vem do humanismo de cada um que lá está: quer seja funcionário, quer seja utente, todos “sentem” o nome CERCIMIRA, e encontram, ali, uma verdadeira família.
Isto é bem visível a qualquer instante. Bastou, ao Jornal Mira Online, uma hora de visita guiada por Nuno Castelhano, um verdadeiro cicerone, para se perceber, não somente o valor patrimonial daquela casa, como também, o valor humano ali encerrado.
A construção dos edifícios que albergam a CERCIMIRA no seu todo começou nos anos 80. E, com a mudança de instalações, também vieram as mudanças de atuações: deixou de se dedicar exclusivamente à educação especial e passou-se a atender adultos, em atividades ocupacionais, para além de acrescentar um lar e um centro de formação profissional, que visa a integração dos cidadãos no mercado de trabalho. Os seus cursos abrangem a serralharia, a carpintaria e a horticultura. Para além disto, a Instituição dispõe de uma sala de informática, para além de uma lojinha onde são vendidos produtos totalmente trabalhados pelos utentes da Instituição.
Mas, quais são os “números” envolvidos em todo o “processo” chamado CERCIMIRA?
Esta é uma instituição formada por 6 elementos na sua Direção, 47 profissionais permanentes, mais formadores, o que perfaz um elenco de 55 a 60 colaboradores, dependendo da altura do ano. Quanto aos utentes, estes são cerca de 150 neste momento, mas seriam bem mais se houvesse capacidade de resposta, devido à grande procura de familiares que tentam colocar seus entes na Instituição, a cada dia.
Continuando na senda dos “números”, fica-se a saber que cada família comparticipa de acordo com a capacidade financeira que possui. O restante valor é financiado pelo Estado, pois as despesas de cada utente são bem onerosas para esta casa.
Como nada neste mundo é perfeito, a CERCIMIRA também “sofre” de alguns males. E eles são originados por uma burocracia que insiste em atrapalhar bastante os planos de quem dirige a Instituição. Mas, mesmo com ela , toda a “ginástica financeira” que é feita tem dado resultados positivos!
Com um orçamento anual de 1.200.000 euros, Nuno Castelhano diz, orgulhosamente, que “as contas estão em dia, já que na CERCIMIRA não são dados passos maiores que as pernas!”.
Para finalizar, Nuno responde a uma questão “clássica”: o que gostava que mudasse em tudo o que envolve esta casa? A resposta vem pronta: “Gostava de ver uma perspectiva diferente diante de pessoas com deficiências. Que todos possamos ver suas potencialidades e não as suas deficiências. Que possamos mudar as mentalidades e vermos estas pessoas com outros olhos…”
E, com este final fica a prova de que na CERCIMIRA a humanidade está sempre (muito) acima dos números frios que determinam, tantas vezes, se o trabalho é, ou não, bem feito!
O que deve determinar é isto: a preocupação legítima com quem realmente necessita…