14.5.2024 –
O Governo anunciou que o futuro aeroporto internacional Luís de Camões será localizado em Alcochete. É de saudar que, mais de 50 anos depois, haja finalmente uma solução para uma questão que causava graves prejuízos ao país. No entanto, embora esta fosse uma decisão já esperada, a Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal considera que o Centro de Portugal e todos os que vivem nesta região – a maior do país – têm razões legítimas para se se sentirem apreensivos.
O Centro de Portugal tem múltiplas razões de queixa a nível das acessibilidades. Encarar com seriedade esta questão é fundamental para o desenvolvimento do Centro de Portugal, em todas as áreas de atividade – no turismo, de forma evidente, mas também na indústria, na agricultura e em tantas outras.
Um aeroporto que, além de Lisboa, servisse os interesses do resto do país, como era a opção Santarém, teria sido mais adequado para a coesão territorial. Assim, o Centro de Portugal vai continuar a ser a única região do país que não é servida por um aeroporto.
Não tendo sido possível, então que os decisores políticos olhem com atenção redobrada para a necessidade de investir nas acessibilidades do Centro de Portugal e que desenvolvam, já a partir de hoje, um plano de mobilidade que sirva de forma adequada todo o território. O Governo sabe que pode contar com a total disponibilidade da Turismo Centro de Portugal para um diálogo construtivo sobre esta matéria.
A região Centro tem 100 municípios e uma grande parte deles são no interior. É uma região mal servida por ferrovia. As obras da Linha da Beira Alta, que se eternizaram, são um exemplo paradigmático desta realidade incontornável. Um visitante que pretenda percorrer a região por ferrovia não o consegue fazer de forma aceitável. A aposta na mobilidade suave, com reforço da linha ferroviária, é essencial.
Na rede viária, é prioritário avançar com a transformação do IP3 em autoestrada, assim como executar o prometido IC31, entre a A23 e Espanha, via Monfortinho, entre outras obras que fazem falta. Não menos fundamental é expandir as infraestruturas de carregamento para veículos elétricos (o Centro é, mais uma vez, muito deficitário na mobilidade elétrica, em especial no interior) e aumentar a oferta de transporte público na região, olhando para esta rede de forma holística e integrada.
São investimentos prioritários e que o país precisa de realizar, sob pena de as assimetrias regionais se agravarem. Estamos certos de que o Centro de Portugal, quem aqui vive, trabalha ou visita, não merece menos do que isto.