27.11.2024 –
É inegável a importância do avanço da medicina no aumento da expectativa de vida. Mas, quando uma pessoa completa o seu centenário com enorme capacidade de lucidez, como é o caso de Alfredo Galvão, vemos que a genética também contribui muito para a qualidade de vida!
Cem anos não são cem dias, nem cem meses. O tempo que ficou para trás é longo e é impossível recordar todas as memórias importantes… até ao escriba é difícil conciliar tantas infromações e reuní-las num só texto! Por isso, tudo o que aqui está, é a sintetização de uma vida longa, recheada de bons e menos bons instantes…
Alfredo: O rapaz de Lisboa e da Pocariça… que adotou Mira!
Alfredo Galvão tem hoje, o mesmo sorriso tímido e leve – mas é sempre um sorriso só dele – que há vinte e tantos anos atrás.
Dono de uma genética familiar que permitiu a outros parentes seus “andarem bastante tempo por cá”. Alfredo nasceu a 18 de Novembro de 1924 em Lisboa, e, aos três anos de idade veio morar perto da terra da mãe (Febres), aquela que (ainda hoje) é uma bonita e pacata localidade que dá pelo nome de Pocariça.
Galvão foi um menino que se tornou rapaz e depois, homem, ao sabor de muito crer em si próprio, de muito trabalho, de muito suor escorrido pelo rosto, por conta do trabalho que só tinha horas para começar!
Ele, que pensava ser professor, quis o destino, acabou por ser desviado para o trabalho tipográfico, “por causa do salário… sempre fui bom a fazer contas e não me deixei ficar, quando me apareceu a oportunidade de aprender o ofício e receber o excelente salário de 600 escudos por mês!”. Sem pensar duas vezes, Alfredo Galvão iniciou, em Coimbra, onde escasseava a mão de obra para a tipografia, um percurso que duraria décadas e décadas de trabalho…
Para além disso, Alfredo foi demonstrando a si mesmo e aos outros, a sua sagacidade e enorme capacidade negocial e comercial, tanto em Portugal como em França, de onde vinha “a cada dois meses” com a sua carrinha a abarrotar de encomendas, aos muitos clientes que ia conquistando.
Em suma se, ainda jovem, trabalhava de tarde e estudava de manhã e de noite, foi porque cedo abraçou a ideia de poupar algum e contituir família. Entre Lisboa, Coimbra, Queluz, Lyon, Vila Franca de Xira, onde conheceu Elisabete, a sua segunda esposa, quando ambos já eram viúvos e Cantanhede – onde trabalhou na Gazeta de Cantanhede “da família Negrão” e, posteriormente, criou o Jornal Notícias de Cantanhede em sociedade com Fernando Patrão – Alfredo Galvão viveu e tem vivido uma intensa vida pessoal e profissional.
Para completar o quadro, só faltava, mesmo, ter tido, com Elisabete, a ousadia em 1998, anos depois de retornar da imigração, de “comprar uma roulote, colocar a família lá dentro e “tocar” um bar e mini-mercado” durante anos no Parque de Campismo Municipal, na Praia de Mira! Ali, gerenciou o último negócio a que se propôs, antes de “juntar as coisinhas e vir descansar o resto do meu tempo ao lado da Berta, vendo os filhos, os netos e os bisnetos fazerem-se homens e mulheres!”
Pai, avô e bisavô
Três filhos (duas estão vivas), treze netos e “cerca de quinze bisnetos depois” – confessa não ter lembrado o número exato – Alfredo Galvão vai levando a vida calmamente no seu espaço e na companhia da sua amada e amiga.
Alfredo Galvão é homem que não se preocupa com o tempo que lhe resta: tem a ela, “a Berta” e aos seus, para ir vivendo “um dia de cada vez, com paz e o coração cheio”. Pragmático, porém, ainda tem objetivos: o primeiro é o de chegar aos 101 anos. “Depois… logo se vê!”
Jornal Mira Online
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