Associação do Turismo de Cascais aprovou nova contribuição que deverá render 1,8 milhões. Hoteleiros temem fuga de turistas
A notícia de que a Associação de Turismo de Cascais (ATC) vai propor à câmara municipal a aplicação de uma taxa turística caiu como uma bomba nos hotéis da região. Das 32 unidades hoteleiras do concelho, 26 já se mostraram contra a cobrança de qualquer taxa aos turistas e, entre os mais de 600 alojamentos locais, 90% também rejeitam a iniciativa.
“A proposta da Associação de Turismo não tem o apoio do setor”, afirma fonte hoteleira ao DN/Dinheiro Vivo, sublinhando que foi enviada uma “convocatória para uma assembleia geral extraordinária, dias antes, mas não se detalhavam os moldes desta aplicação”. Além disso, “o setor não foi ouvido nem foram realizados estudos preparatórios sobre o seu impacto”, adianta outra fonte.
Os hoteleiros temem perder clientes para os municípios contíguos – Oeiras e Sintra – onde não é cobrada qualquer taxa, especialmente porque o desenho da proposta aponta para a cobrança de 1,5 euros por turista, por noite, até um máximo de cinco noites.
O mal-estar está longe de ficar por aqui: é que o presidente da mesa da Associação de Turismo de Cascais, organismo que lançou a proposta, é Carlos Carreiras, também ele presidente da câmara, o que poderá significar que haverá uma via verde para que o cenário agora proposto seja rapidamente colocado em prática.
Não é só. Quando Lisboa decidiu avançar com esta cobrança, à semelhança do que já fazem várias cidades, como Barcelona ou Veneza, Carreiras mostrava-se contra esta aplicação. “Cada caso é um caso e tem de ser analisado enquanto tal. Um município que esteja a viver um momento de forte atração de investimento turístico obviamente que não pode colocar uma taxa deste género, afirmava o próprio ao DN/Dinheiro Vivo, em novembro de 2014, quando Lisboa fechava o desenho desta cobrança.
Ora, Cascais registou no ano passado o melhor resultado de sempre em número de dormidas, hóspedes e preço médio por quarto, com quase 500 mil hóspedes registados. O DN/Dinheiro Vivo tentou ouvir o presidente da Câmara de Cascais, mas não obteve qualquer resposta.
A expectativa do Turismo de Cascais é conseguir arrecadar 1,8 milhões de euros de receita adicional, que irá reverter para os cofres camarários. Entre os hoteleiros da cidade, ninguém sabe explicar se será criado um fundo de desenvolvimento turístico, à semelhança do que surgiu em Lisboa, como forma de consensualizar o setor. Este é um dos itens que Raul Ribeiro, presidente da Associação dos Diretores de Hotel, quer ver explicado, estando já a trabalhar com outros organismos para perceber qual será o impacto da taxa na receita e na procura por parte dos turistas.
A Associação Regional dos Hoteleiros da Costa do Estoril, Sintra, Mafra e Oeiras (ARHCESMO) fez seguir ontem uma circular em que promete ir informando os seus associados sobre o desenvolvimento do caso. De acordo com o Publituris, a ARHCESMO está mesmo a ponderar deixar a Associação de Turismo de Cascais.
José Gomes Ferreira, que não foi possível contactar, adianta a esta publicação que qualquer decisão da ARHCESMO vai depender “do comportamento futuro da ATC, uma vez que admitimos que os responsáveis pela iniciativa tenham tomado consciência do erro que é levarem por diante uma proposta desta natureza sem obterem o acordo de todos quantos representam o alojamento turístico no concelho de Cascais, muito em particular a hotelaria”. E promete convocar nova assembleia geral da Associação de Turismo de Cascais para voltar a debater a questão da taxa turística.
Fonte: DN/Dinheiro Vivo