Casal testemunhou falta de assistência à grávida que perdeu bebé

Nikki Santos e o marido chegaram depois e foram atendidos primeiro.

O Ministério Público vai ouvir o depoimento de Nikky Santos, 26 anos, e do marido Sérgio Ferreira, 25, residentes na Guarda, por terem presenciado o sofrimento de Cláudia Costa, a mulher que no passado dia 16 de Fevereiro perdeu a filha no Hospital da cidade por alegada falta de assistência.

Nesse dia, o casal chegou à urgência obstétrica às 9.48 manhã e inscreveu-se numa consulta de internamento, quando Cláudia Costa já efetuava o registo dos batimentos cardíacos do feto.

“Passei na porta que dá acesso à sala e o coração da bebé batia”, garantiu, ao JN, Nikky Santos que, à data, estava grávida de 41 semanas e queria que lhe fosse induzido o parto. “A sala é muito pequenina e mesmo à porta ouve-se tudo com muita clareza”, reforçou a mulher que de seguida também foi submetida ao mesmo registo e regressou com o marido à sala de espera.

“Contou-nos que tinha estado no hospital de véspera e que a gravidez corria bem, mas que naquela manhã tinha ido ao hospital por ter dores e perdas de sangue”, recordou Sérgio Ferreira. “Ao ouvir o coração da menina ficou mais tranquila, mas notava-se que além de preocupada estava desconfortável, porque nem arranjava posição para se sentar”, reforçou o marido de Nikky Santos.

Inversão de prioridades

Algum tempo depois, não sabe precisar quanto, a grávida que esperava pela consulta de internamento foi chamada pelo médico José Coelho, que não quis decidir sozinho a indução do parto pretendida pelo casal e pediu que esperasse pela colega.

Aparentemente, a outra médica de serviço, Mónica Reis, tardava em aparecer e Cláudia Costa continuava a marcar passo. “Por incrível que pareça fui atendida primeiro quando havia ali uma urgência e eu apenas aguardava por uma simples consulta de internamento”, constatou Nikky.

Terá sido neste impasse de hora e meia que, às 37 semanas de gestação, Cláudia sentiu uma dor forte seguida de hemorragia e da ecografia que confirmou a morte do feto. “Ouviram-se gritos e foi aterrador”, recordou por fim o casal que no dia 18 viu nascer com vida o primeiro filho

Fonte: JN

Foto: Foto: Madalena Ferreira