CARTA ABERTA AO “SENHOR DOUTOR” MARINHO PINTO

Prezado “senhor doutor” Marinho Pinto,

Confesso que li. Levei um susto. Reli. E, assustei-me novamente!

Então, não é que o prezado euro-deputado, que ainda noutro dia chegou ao Parlamento europeu, e que, diz que logo de lá irá sair, confessou que os eleitos à Assembleia da República não deviam ganhar menos do que o bastonário dos advogados (4800 euros líquidos), porque esse valor “não permite padrões de vida muito elevados em Lisboa”?

Com toda a convicção, sempre disse a mim mesmo que o “senhor doutor” gostava bastante de uma polémica, que era de sua natureza este tipo de atitudes, mais até, do que puro “marketing político”.

Hoje, prezado “senhor doutor”, chego à triste conclusão de que sua triste personagem não passa de mais um aproveitador da boa-fé do povo. Sim! Com seu “carisma”, com seu “bla-bla-bla”, com sua forma de querer mostrar que “estava acima dos políticos” (como se também não o fosse…), vossa excelência foi subindo no patamar da sociedade.

Bom falante, passou de advogado a bastonário e, de bastonário a euro-deputado, num ápice. Mas, qual personagem de alguma telenovela, sua ambição só lhe fez mostrar a sua “verdadeira face”, antes do tempo.

Bem sabemos (ou, pelo menos, deduzimos) que o “senhor doutor” quer ser o “presidente de todos os portugueses”. Assim, sair correndo de Bruxelas, e conseguir colocar-se no Parlamento, como deputado, é mais uma ponte, que – julga o “senhor doutor” – o levará aos píncaros da glória.

Dou-lhe, humildemente, um conselho “senhor doutor”: se quer chegar a algum lado, tenha tento na língua! Sim! Pois, com frases como esta que o “senhor doutor” proferiu, só servem para desmotivar as pessoas. Elas percebem, ao contrário do que os políticos pensam, quando alguém está a “rir-se” delas, somente a mexer os lábios, ao falar.

É uma desfaçatez, “senhor doutor”. Desculpa a franqueza. Mas, num país repleto de pessoas a receberem “esmolas” que mal pagam os remédios para as suas velhices, de pessoas preocupadas em como pagar os livros escolares aos filhos, de pessoas que acordam tão desempregadas como quando foram se deitar… dizer que os deputados não deviam ganhar menos do que o bastonário dos advogados, é uma – volto a dizê-lo – desfaçatez!

Que diria o “senhor doutor” se tivesse que viver com um subsídio de desemprego, ou com 485 euros de “salário”? Provavelmente emigraria, não é “senhor doutor”?

Sabe o que mais me espanta? É que o “senhor doutor” conseguiu  “emigrar” por meio dos votos, e resolveu jogar fora tamanha oportunidade que muitos de nós, parvos cidadãos, lhe outorgamos.

Ainda vai a tempo. Fique onde está. Ao menos, quando disser “disparates” como estes, só quem entende português irá perceber o alcance da sua maquiavélica forma de ignorar as amarguras do povo que o elegeu…

Obrigado pela atenção, “senhor doutor”.

Saudações,

Francisco Ferra

NOTA: “O artigo aqui expresso é da exclusiva responsabilidade do seu autor”

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