Carlos Cruz foi um dos rostos da candidatura portuguesa à realização do Campeonato da Europa em Portugal há 12 anos, nomeadamente como presidente da comissão Executiva. Outros protagonistas foram Gilberto Madaíl (presidente da Federação portuguesa de Futebol), Miranda Calha (secretário de estado do Desporto), José Sócrates, ministro-adjunto de António Guterres, na altura chefe do governo.
Entre as páginas 518 e 519, Carlos Cruz lembra um episódio com um presidente de uma Federação, que gosta de passar férias em Portugal.
” Alguém teve ideia de oferecer as férias ao senhor e família. Fizemos as contas (…) e levou-se um envelope com os dólares equivalentes aos cálculos das viagens e de uma semana da férias no Algarve. À saída da reunião, Madaíl, discretamente, entregou-lhe o envelope. Como o dólar valia mais do que o sol do Algarve, o nosso amigo guardou o dinheiro e não pôs os pés em Portugal”, conta o ex-apresentador de televisão.
Quando já estavam em Aachen, na Alemanha, local onde foi anunciada a atribuição do Euro 2004, Carlos Cruz recorda a continuação do episódio anterior. Aí, o tal presidente “fez chegar até nós a sua disposição de falar como mais um ou dois colegas amigos, de outras federações votantes”.
Ora, com isto Carlos Cruz terá percebido “a mensagem que já nos chegou perto da decisão. Gilberto Madaíl “encontrou-se com ele [o presidente] no quarto do hotel, disse-me que o encontrou em roupão e que o senhor ficou muito feliz com o segundo envelope que recebeu (…). Penso que foram 12500 ou 15000 dólares. Não sei se angariou ou não algum voto; ao sair da sala onde tinha decorrido a votação mostrou-me um papel e apontando com o dedo disse-me com muito sotaque ‘Eu votei Portugal, veja, veja, veja”…”, conta Carlos Cruz na autobiografia, em excertos divulgados pelo jornal A Bola.
Fonte: tsf