21.3.2023 –
O Município de Cantanhede partilha o sentimento de enorme consternação pelo falecimento de Cândido Ferreira, médico, professor, escritor, político e humanista envolvido em causas edificantes em vários domínios.
Uma dessas causas foi a criação de um de Museu de Arte e Colecionismo em Cantanhede, projeto abraçado com entusiasmo pela Câmara Municipal, a partir do repto que lhe foi lançado nesse sentido. No protocolo celebrado com a autarquia, o médico assume o compromisso de doar um significativo número de peças do seu espólio para a constituição do acervo da referida unidade museológica, peças essas que serão expostas organizadas em sete grandes áreas de colecionismo, designadamente pintura, mobiliário e artes decorativas portuguesas, arqueologia de todas as civilizações, artesanato de todo o mundo, história do dinheiro, história postal, temas de bibliografia e afins e colecionismo dito popular.
Na sequência da assinatura do acordo, a Assembleia Municipal de Cantanhede aprovou, em 7 de abril de 2019, a atribuição de um voto de louvor e reconhecimento ao Dr. Cândido Ferreira, tendo em conta o inestimável benefício que o seu gesto de benemerência representa para o concelho, ao nível da oferta de serviços culturais e do reforço da atratividade do território, sem esquecer os méritos que evidenciou, quer profissionalmente, como médico na sua área de especialização, mas também como ensaísta e romancista ou ainda como político muito empenhado na defesa de importantes causas sociais.
Natural de Febres, Cândido Manuel Pereira Monteiro Ferreira, de 73 anos, teve uma carreira de referência na Medicina, área na qual se licenciou, em 1973, pela Universidade de Coimbra. Especialista em Nefrologia, criou uma das primeiras clínicas de hemodiálise em Portugal, destacando-se também por ter integrado a equipa responsável pela primeira transplantação bem-sucedida em Portugal, sob a direção de Linhares Furtado.
A atividade político-partidária foi outro dos exercícios que abraçou com entusiasmo, tendo desempenhado diversos cargos no poder local, destacando-se ainda pela candidatura à Presidência da República, em 2016.
Destacou-se ainda como escritor de romances, contos, crónicas e ensaios, sendo membro da Associação Portuguesa de Escritores, a convite da Direção.
Foi autor dos romances “O Senhor Comendador”, “A Paixão do Padre Hilário” e “Setembro Vermelho” e de três livros de crónicas – “Os Burros”, “Esmeralda-Sim!…” e “Pelas Crianças de Portugal”.
Os últimos três livros que escreveu e publicou, intitulados “Nos Bastidores da Medicina”, “Estórias deste Mundo e do Outro” e “Covid-19 A Tempestade Perfeita”, foram apresentados na Biblioteca Municipal de Cantanhede, em 12 de março do ano passado.