Brasil vai enviar 80% da equipa olímpica para treinar em Lisboa, Cascais e Rio Maior

O Brasil vai enviará 80% dos participantes nos Jogos Olímpicos de Tóquio2020 às cidades de Lisboa, Cascais e Rio Maior, para que os seus atletas, impedidos de treinar em virtude da pandemia covid-19, recuperem física e mentalmente.

O diretor do Comité Olímpico Brasileiro (COB), Jorge Bichara, detalhou à EFE o plano que permitirá que pelo menos 200 atletas já qualificados ou com possibilidades de qualificação treinem em Portugal antes de disputar os Jogos de Tóquio, adiados para 2021 devido à pandemia.

O primeiro contingente de atletas brasileiros para Portugal partirá em julho e contará com membros das equipas de judo, natação e vela.

“Nós já temos uma tradição de realizar treinamentos de campo em Portugal e já ocupámos alguns de seus principais centros de treino”, disse Bichara, lembrando que o COB escolheu Portugal como base de preparação para os Jogos Olímpicos de Paris em 2024.

O dirigente destacou que já estão sendo organizadas as partidas de atletas, frisando que “serão vários voos, de pequenos grupos, dependendo da disponibilidade de lugares”.

O judo, com 22 medalhas, a vela (18) e a natação (14) são precisamente – juntamente com o atletismo (17) – as modalidades que deram mais medalhas olímpicas ao Brasil em toda a história dos Jogos.

Em um segundo momento, as equipas de pugilismo e atletismo serão enviadas para Portugal e, finalmente, as equipas de desportos coletivos.

Entre os últimos a treinar em Portugal, provavelmente entre setembro e dezembro, estão a equipa feminina de râguebi, já apurada para Tóquio, e as equipas feminina e masculina de andebol.

O plano do Governo brasileiro prevê o embarque inicial de 200 atletas, embora esse número possa aumentar.

“É o número com o qual estamos trabalhando. No momento, temos 177 vagas conquistadas, mas ainda há muitas vagas em disputa e isso permite-nos aumentar a equipa em 40%”, afirmou o diretor do COB.

Bichara explicou que Portugal foi escolhido entre outras razões, porque é um dos países que superou a pandemia mais rapidamente.

O plano custará cerca de 16 milhões de reais (cerca de 2,6 milhões de euros), incluindo passagens aéreas, alojamento e alimentação.

Bichara também afirmou estar atento às decisões das autoridades europeias e do próprio Governo português em relação à abertura das fronteiras para estrangeiros ante a possibilidade de bloqueios. O Brasil é o segundo país com mais mortes e mais casos de covid-19 no mundo.

O dirigente disse acreditar que a entrada de atletas brasileiros pode ser tratada de maneira diferente devido ao compromisso do COB em testá-los três dias antes do embarque e desembarque.

“Quando eles chegarem a Portugal, terão que respeitar um período de quarentena no hotel, enquanto aguardam os resultados dos exames, conforme concordámos”, afirmou Bichara.

“No momento, temos de ficar calmos e esperar. Só mais tarde, se tivermos algum impedimento, exploraremos outras alternativas. O objetivo do plano é a recuperação física dos atletas, mas também uma recuperação emocional, para que eles possam se sentir em pé de igualdade com seus principais competidores”, concluiu.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 454 mil mortos e infetou mais de 8,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Lusa