As vendas externas de café do Brasil na colheita 2019-2020 foram 3,6% inferiores às registadas na safra imediatamente anterior (2018-2019), quando se venderam 41,43 milhões de sacos, naquele que foi o maior volume anual na história do país, segundo dados divulgados na segunda-feira pelo Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Apesar da redução face ao período anterior, a exportação durante a última colheita foi a segunda maior do país num ano e superou significativamente a da colheita de 2017-2018 (30,45 milhões de sacos), a de 2016-2017 (33,09 milhões de sacos) e a de 2015-2016 (35,54 milhões de sacos).
Estes valores foram alcançados apesar da colheita que terminou em junho ter sido muito inferior à anterior, por se tratar de um ano de baixa produção.
O ciclo de produção de café no Brasil é semestral e, tradicionalmente, um bom ano de produção costuma ser seguido por um mau ano.
Segundo o Cecafé, o Brasil recebeu no último ano cerca de 5,1 mil milhões de dólares (4,5 mil milhões de euros) pelas exportações de café, valor 5,9% inferior ao obtido pelas vendas externas na colheita de 2018-2019 (cerca de 5,4 mil milhões dólares, ou seja, 4,76 mil milhões de euros).
A diminuição foi provocada tanto pela redução no volume exportado, como pela queda na cotação mundial do café, de 131,16 dólares (115,60 euros) por saco em 2019 para 128,04 dólares (112,85 euros) em 2020.
As estatísticas incluem tanto as exportações de café verde, como de café torrado e moído, e café solúvel.
De acordo com o Cecafé, 78,8% das exportações do último ano foram de grãos do tipo arábica (31,5 milhões de sacos), 11,1% do grão do tipo robusta (4,4 milhões de sacos), 10% de café solúvel (quatro milhões de sacos) e os 0,1% restante de café torrado e moído.
A entidade destacou que ocorreu neste período um crescimento de 22,7% nas exportações de café robusta, um grão de melhor qualidade e mais valorizado no mercado.
“O desempenho das exportações na última colheita foi muito positivo e refletiu os grandes esforços de todo o setor para exportar com eficácia, apesar dos desafios da pandemia nos últimos quatro meses e da menor produção”, afirmou o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes, citado num comunicado.
Nelson Carvalhaes afirmou que o Brasil consolidou-se como o maior fornecedor mundial do setor, com vendas para 125 países, e até aumentou as exportações para outras nações produtoras de café.
Os principais destinos do café brasileiro no último ano foram os Estados Unidos, com 7,8 milhões de sacos (19,6% do total), Alemanha (17%), Itália (8,4%), Bélgica (6,8%), Japão (5,0%), Rússia (3,1%), Turquia (2,9%), México (2,8%) e Espanha (2,3%).
Carvalhaes destacou ainda que as perspetivas do setor para a colheita iniciada agora em julho são as melhores.
Lusa