Jaime Marta Soares entende que a carta do ministro da Administração Interna “tem falta de sentido ético.”
A carta dirigida pelo ministro da Administração Interna aos comandantes e presidentes dos bombeiros voluntários não foi bem recebida pelo presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Marta Soares, que a considerou uma falta de ética e de honestidade intelectual e política.
“Não diz a verdade e, no mínimo, quando efetivamente se procura soluções – já com cerca de 20 dias de atraso – e se marca uma reunião para negociarmos e encontrarmos soluções, o senhor ministro tenta dividir os bombeiros portugueses. Tenta incutir-lhes inverdades através de uma carta, que não são demonstrativas de uma boa tentativa de encontrar soluções”, considerou Jaime Marta Soares.
Enquanto acusa Eduardo Cabrita de “deitar achas para a fogueira”, o presidente da LBP assegura que a organização a que preside sempre esteve disponível para reunir com o ministro e considera que a carta é “inqualificável, tem falta de sentido ético e é intelectualmente desonesta.”
Protesto continua
Os bombeiros deixaram, desde sábado, de transmitir informações operacionais aos Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS), protesto esse que, garante Jaime Marta Soares, vai continuar a menos que seja pedida uma reunião do Conselho Nacional de Bombeiros para o reavaliar.
A posição da Liga dos Bombeiros surge depois de o ministro da Administração Interna ter garantido, esta quarta-feira, aos presidentes e comandantes de bombeiros que “todos os caminhos de diálogo estão abertos” para “construir as melhores soluções” e responder às expectativas.
“Porque esta é uma reforma pensada para valorizar os bombeiros portugueses e incentivar o voluntariado, todos os caminhos de diálogo estão abertos de modo a construir as melhores soluções para responder às vossas legitimas expectativas, a bem da qualidade da proteção e socorro e da segurança dos portugueses”, escreveu Eduardo Cabrita numa carta a que a TSF teve acesso e que foi enviada aos presidentes das associações humanitárias de bombeiros voluntários e respetivos comandantes. O ministro espera que, “em diálogo, se possa concluir o processo”.
Na missiva, Eduardo Cabrita sublinha que “há certamente aspetos que estão em discussão”, reconhecendo que recebeu há alguns dias as propostas e comentários da LBP relativamente ao conjunto de diplomas. O ministro referiu também que “é esse processo de diálogo natural e construtivo” que quer continuar e foi esta a posição transmitida à LBP.
Gonçalo Teles / TSF