08.2.0224 –
A Ciberviolência e defesa de um ambiente online seguro para raparigas e mulheres são os temas do evento bE_SAFE Portugal, que terá lugar no dia 14 de fevereiro, Dia do Namoro, entre as 8h30 e as 13h00, no Agrupamento de Escolas Prof. Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira.
O programa da sessão integra 2 painéis, em que especialistas em igualdade e direitos humanos vão debater as seguintes questões:
Que equilíbrio existe entre a liberdade online e a prevenção da ciberviolência?
Como pode a educação digital, a conscientização entre pares e a promoção de comunidades online seguras desempenhar um papel vital em todo este processo?
Como podemos prevenir a culpabilização das vítimas, a sua revitimização e traumatização?
Conta também com a apresentação dos trabalhos realizados pelas turmas dos 7º e 10º anos da Escola Básica e Secundária Prof. Reynaldo dos Santos, sobre os temas “Crescer com a internet: entre o ser livre e a ciberviolência” e “Dia do namoro com redes sociais seguras.”
Este evento é promovido pela Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM) e a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, em parceria com o Agrupamento de Escolas Prof. Reynaldo dos Santos, no âmbito do Projeto, bE_SAFE – Conscientização sobre a CIBERVIOLÊNCIA e defesa de um ambiente online mais SEGURO para raparigas e mulheres cofinanciado pela União Europeia, através do Programa Cidadãos, Igualdade, Direitos e Valores (CERV).
A Presidente da PpDM realça a importância do projeto. «Acabar com todas as formas de violência, online e offline, que afetam desproporcionalmente as raparigas e as mulheres é um imperativo da sociedade democrática que somos, em Portugal, na Croácia, em Espanha, na União Europeia e no Mundo. Este é, assim, um evento europeu que se associa ao V-DAY, um movimento ativista global para acabar com a violência contra todas as mulheres e raparigas.», destaca Ana Sofia Fernandes.
Para Sandra Ribeiro, Presidente da CIG, a parceria da Comissão neste projeto acontece porque “a ciberviolência não é apenas uma ameaça virtual, mas uma realidade que cruelmente afeta a vida de raparigas e mulheres, minando a sua segurança e bem-estar online e offline” e esta iniciativa vai “certamente contribuir para a alteração legislativa e de políticas públicas tanto nos países que integram a parceria – Portugal, Croácia e Espanha – como também a um nível europeu mais amplo.”
A ciberviolência sexual é um problema social crescente, com impactos a nível individual, social e económico, que atinge jovens e crianças com idades cada vez mais precoces e com particular incidência sobre as raparigas e mulheres. É um problema transversal a todos os países europeus e faz parte do continuum da violência exercida sobre raparigas e mulheres, decorrente da desigualdade estrutural entre mulheres e homens, raparigas e rapazes, pelo que exige toda a nossa atenção.
A violência na sua dimensão digital abrange o que se passa no espaço virtual e/ou é facilitado por meios tecnológicos. As diferentes formas de violência que ocorrem na esfera digital e no mundo físico não se excluem mutuamente e frequentemente sobrepõem-se umas às outras, exacerbando o impacto traumatizante da violência, por vezes ameaçando mesmo a segurança física da vítima.
Resultados do estudo de Faustino, Ventura, Alves e Matos (2022), publicado pela Rede de Jovens para a Igualdade, 517 jovens mulheres inquiridas com idades entre os 18 e os 25 anos revelam:
- 67% das jovens foram vítimas de violência sexual baseada em imagens e 48% destas jovens sofreram mais do que uma forma deste tipo de violência
- 84% das jovens foram vítimas de cyberflashing
- 39% receberam ameaças de partilha de conteúdos íntimos
- 20% das jovens foram vítimas de partilha não consensual de imagens e 18,8% relataram ter sido objeto de fotografias íntimas tiradas sem consentimento
- 5% foram vítimas de upskirting
- 3% viram as suas fotografias serem utilizadas para produzir pornografia deepfake
- 39% dos agressores eram desconhecidos das jovens mas a maioria (60%) eram jovens ou homens próximos das vítimas: 15% eram anteriores namorados ou parceiros, 13% conhecidos, 13% eram parceiros numa relação sexual e/ou afetiva esporádica, 9,5% amigos e 9,5% namorados ou parceiros.