O secretário-geral do PCP colocou hoje entraves a entendimentos futuros com os socialistas, como o que existiu de 2015 a 2019, devido às “opções de classe do PS”, que associa à “política de direita”.
A dois meses do XXI congresso do partido, Jerónimo de Sousa deu uma entrevista ao jornal oficial do PCP, que ocupa quatro páginas na edição de hoje do Avante, e em que fez uma avaliação, em três pontos, da experiência das “posições conjuntas” entre os partidos de esquerda, também conhecida por “geringonça”, que permitiu quatro anos de Governo minoritário do PS.
É no terceiro ponto que conclui que para existir uma alternativa, com “soluções para os problemas de fundo do país, nomeadamente para ultrapassar os seus défices estruturais”, se exige “uma outra política alternativa, em rutura com a política de direita e liberta das opções de classe do PS e do seu Governo”.
Se no projeto de resolução política, também conhecidas por teses, não se elabora a hipótese de entendimentos à esquerda, agora, na entrevista, o secretário-geral dos comunistas coloca mais entraves.
O PCP continua, segundo afirmou, a defender uma “alternativa patriótica e de esquerda” que tem de ser baseada numa “luta de massas” nas ruas, misturada com reforço eleitoral.
Esse “caminho da alternativa” estará “tão mais próxima quanto mais forte for a luta de massas e maior a influência social, eleitoral e política do PCP”, disse.
No balanço da experiência de quatro anos de “geringonça”, ou “a nova fase da vida política nacional”, como se lhe referem os comunistas, Jerónimo de Sousa tira outras duas lições.
A primeira é que foi “a luta” a interromper uma “perigosa ofensiva” e a permitir “repor, avançar e conquistar” direitos e a segunda que, “ao contrário do que afirmavam “os grandes interesses económicos” foi “o alargamento de direitos e a valorização dos salários” a ditar o “crescimento económico” e o desenvolvimento registado nos últimos anos, antes da crise da pandemia de covid-19.
Na entrevista, Jerónimo de Sousa nada adiantou sobre se continua ou sai da liderança, repetindo que “a questão do secretário-geral não vai ser um problema no congresso”.
Da última vez que falou em público sobre o assunto, em 20 de setembro, após uma reunião do comité central, admitiu, implicitamente, manter-se na liderança do partido, aconselhando uma “tripla” quanto ao seu futuro — ficar, sair ou “ficar mais um bocadinho”.
Lusa