Uma habitante de Alfafar (Penela) viu-se confrontada com um javali a dois metros da porta da cozinha. Um relato elucidativo da realidade que se vive nos concelhos da Serra da Lousã, com os animais a “descerem” cada vez com maior frequência e a “instalarem-se” nas aldeias. Além do “susto”, multiplicam-se os prejuízos. A mesma moradora aponta a destruição de «70% da produção» de uma vinha ou as couves que plantou «por quatro vezes» no quintal.
«Torna-se assustador termos que andar de lanterna na mão e apito para assustar algum animal de grande porte selvagem no quintal.., sob o risco de sermos atacados», afirma, numa carta dirigida à Associação de Caçadores do Concelho de Penela, onde dá conta da situação e solicita indemnização pelos prejuízos sofridos. A situação está longe de ser única. «É um problema gravíssimo, difícil de resolver», diz Luís Matias, presidente da Câmara de Penela, para quem a génese da questão está na «falta de ordenamento do território». Um problema que se tem «vindo a agravar nos últimos 30 anos, com cada vez «menos controlo na plantação de monoculturas», nomeadamente eucalipto, em detrimento das espécies autóctones, como carvalhos, castanheiros ou medronheiros. Esta situação «obriga os animais a descerem da serra à procura de comida»e cada vez se aproximam mais das aldeias, onde se concentram os campos de cultivo.
Fonte: DC