Autoeuropa quer Portugal a produzir mais Volkswagen do que a Alemanha

O diretor-geral da Autoeuropa, Miguel Sanches, assumiu hoje perante o primeiro-ministro e o Presidente da República o desafio de colocar a fábrica de Palmela a produzir mais veículos Volkswagen do que a Alemanha.

“Temos de criar as condições para que se façam mais Volkswagen em Portugal do que na Alemanha, é o desafio que temos”, afirmou Miguel Sanches, durante a visita conjunta que o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, fizeram à fábrica de Palmela, no distrito de Setúbal.

Enquanto caminhavam pela fábrica, rodeados por jornalistas, após ouvir estas palavras, Marcelo Rebelo de Sousa observou: “Mas esse é o objetivo”. E o primeiro-ministro também concordou: “Sim, sim”.

Antes, António Costa falava com o diretor-geral da Volkswagen Autoeuropa sobre as cadeias de produção na Europa e a localização das fábricas de motores, das quais a fábrica de Palmela depende.

O primeiro-ministro argumentou que “a distância é exatamente a mesma” se os motores vierem da Polónia para Portugal ou se forem de Portugal para a Polónia.

Se passarem a ser produzidos em Portugal, “é verdade que a distância para a Alemanha é um bocadinho maior”, mas “com uma vantagem: é que as fronteiras nunca fecham, nem estão sujeitas a incidentes”, apontou o chefe do Governo.

“Precisamos de volume, porque as fábricas de motores instalam-se junto às fábricas de maior volume”, salientou Miguel Sanches.

O diretor-geral da Autoeuropa referiu ainda que 70% da produção da Autoeuropa tem como destinos os mercados da Alemanha, de Itália, Espanha, Reino Unido e França.

“Não é mau, são dos primeiros a recuperar e a abrir”, considerou o Presidente da República.

Numa intervenção no final desta visita, Marcelo Rebelo de Sousa expressou “gratidão à Autoeuropa, à sua competência, à sua excelência, à sua qualidade, à capacidade de adaptação a este tempo que vivemos, àquilo que soube criar de ambiente social nesta casa e aquilo que está a fazer a favor do país”.

O chefe de Estado estendeu este agradecimento a todos os que na indústria, na agricultura, no comércio e nos serviços “sabem ultrapassar tempos difíceis e construir um Portugal melhor” e a todos os que nesta altura “estão a trabalhar por todo o país, sem medo, sem angústia, sem ansiedade”.

“A Autoeuropa é um exemplo, há muitos e muitos exemplos por todo o país. Temos a esperança de que o exemplo da Autoeuropa seja um exemplo que sirva para toda a Europa também. Aqui é o exemplo da colaboração entre a Alemanha e Portugal. A nível europeu tem de ser o exemplo da colaboração de todos os que formam a União Europeia”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa reiterou a mensagem de que, no atual contexto de pandemia de covid-19, a União Europeia deve responder com solidariedade e afirmando os valores que estiveram na base do projeto europeu.

Após uma paragem de seis semanas, os trabalhadores da Autoeuropa regressaram no final de abril para se inteirarem dos novos procedimentos de higiene e segurança a adotar nesta fase e a produção de automóveis recomeçou na semana passada, com dois turnos.

Na segunda-feira, fonte oficial da Autoeuropa confirmou à Lusa que um trabalhador da Volkswagen Group Services, empresa do grupo Volkswagen que presta serviço nas instalações da fábrica de Palmela, “testou positivo à covid-19”.

Contudo, “a cadeia de contágio não ocorreu na fábrica e de acordo com as orientações técnicas da Direção Geral da Saúde, o paciente é considerado de baixo risco”, referiu a mesma fonte, adiantando que os trabalhadores que estiveram em contacto com a pessoa infetada receberam indicação para permanecerem em casa e vão ser testados.

Lusa