É uma decisão unilateral da empresa, que em Agosto espera encetar novas negociações com os trabalhadores.
A fábrica da Volkswagen em Palmela anunciou, esta terça-feira, aos seus trabalhadores que passará a laborar todos os sábados a partir do final de Janeiro.
“Em finais de Janeiro, vamos iniciar o modelo de trabalho de 17 turnos semanais, que cumpre com a lei e garante a produção aos sábados a dois turnos”, refere o comunicado interno da empresa.
Por este trabalho ao fim-de-semana, os trabalhadores irão receber o dobro do que recebem em dias úteis. A Autoeuropa responde, assim, e não obstante esta ser uma decisão unilateral, a uma das reivindicações dos trabalhadores nesta matéria.
“Claramente que vamos reflectir no ‘feedback’ que nos foi dado com o resultado do referendo. Embora tenham sido expressas muitas opiniões diferentes nas várias reuniões, entendemos que a maioria dos colaboradores está comprometida com o cumprimento do programa de produção do próximo ano”, lê-se no comunicado.
Os novos horários prevêem quatro fins-de-semana completos e um período de dois dias consecutivos de folga em cada dois meses.
A partir de Agosto, a administração conta encetar novas negociações com a comissão de trabalhadores.
A divergência sobre os horários de trabalho arrasta-se há alguns meses. A comissão de trabalhadores rejeitou dois pré-acordos sobre os termos do trabalho ao sábado e da laboração contínua (três turnos diários) e foi mesmo realizada uma greve – considerada histórica por ser a primeira em 26 anos.
“A laboração contínua tem um impacto na vida das pessoas diferente daquele horário que temos hoje em dia. Temos de arranjar alternativas e fazer melhorias a outros níveis, a nível monetário, por exemplo”, argumenta Fernando Gonçalves, da comissão.
Mas há cerca de duas semanas, o representante dos trabalhadores mostrava-se mais confiante num entendimento. Em declarações à Renascença, considerou que será do interesse da empresa chegar a um acordo, pois não será produtivo “ter cinco mil e tal pessoas desmotivadas e contrariadas”.
No comunicado divulgado esta terça-feira, a Autoeuropa diz que o modelo de trabalho proposto é legal e sublinha que “as condições do pré-acordo rejeitado seriam possíveis apenas com uma autorização do conselho de administração da marca Volkswagen para o aumento dos custos de produção da fábrica, pelo que sem um acordo, não é possível manter essas condições”.
rr