Áustria e Dinamarca propõem a Israel uma fábrica de vacinas

A Áustria e a Dinamarca mostram insatisfação com a alegada lentidão do processo de validação de vacinas da Agência Europeia do Medicamento (EMA) e com os atrasos na distribuição das vacinas prometidas e, esta semana, os respetivos chefes de Governo dão um passo rumo a um esforço mais independente na “guerra” à Covid-19.

O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, tem previsto encontrar-se esta quinta-feira com o primeiro-ministro dinamarquês, Mette Frederiksen, em Israel para propor ao homólogo Benjamin Netanyahu um projeto independente de pesquisa, desenvolvimento e produção de vacinas de segunda geração.

Kurz manifestou esta terça-feira a intenção de deixar de estar dependente exclusivamente da União Europeia para conseguir mais vacinas contra a Covid-19.

A pesquisa vai sempre precisar de tempo para ajustar as vacinas e reagir às novas variantes. Depois vem o momento de as produzir.


“Quanto mais rápido estes dois processos se desenrolam e mais independentes nós agimos, melhor estamos preparados para enfrentar as novas estirpes do vírus contra as quais as vacinas convencionais podem não funcionar”. (
Sebastian Kurz – Chanceler da Áustria)

 A posição do chanceler surge numa altura em que a Áustria está em contagem decrescente para começar a relaxar a 15 de março as restrições atualmente em vigor no país, numa medida muito criticada por diversos peritos de saúde, receosos de um novo agravamento de casos devido à propagação da variante B117, a estirpe conhecida como britânica.

Entre as restrições com levantamento anunciado estão as aberturas no setor da gastronomia, do desporto comunitário e da cultura no estado ocidental de Vorarleberga, onde a incidência do SARS-Cov-2 desceu de 700 casos por 100 mil habitantes, em novembro, para os atuais 70/100 mil.

Após uma reunião na segunda-feira do Governo com especialistas de saúde, a decisão foi a de iniciar o desconfinamento em Vorarleberga e, no final do mês, se a situação continuar favorável, permitir também a reabertura de esplanadas por todo o país.

Entre os mais críticos do Governo austríaco tem estado o epidemiologista alemão Karl Lauterbach.

Numa publicação na rede social Twitter, o cientista afeto ao Partido Social Democrata germânico sublinha o agravamento da variante britânica na Áustria e avisa que “muitos pagarão com a vida”.

“No final haverá outro confinamento e os mortos não poderão comprar mais nada. Não é exemplo para nós”, escreveu o epidemiologista, em jeito de recado para o Governo alemão.

O chanceler Sebastian Kurz, por outro lado, está também a ser criticado agora por ter apoiado a “Hygiene Austria”, uma fabricante de máscaras de proteção sanitária pessoal, alvo esta terça-feira de buscas pela polícia por suspeita de ter comprado modelos FFP2 na China e de as estar a revender a um preço inflacionado com uma etiqueta “Made in Austria”.

A oposição exige ao chanceler que assuma a responsabilidade e divulgue todos os contratos de aquisição de máscaras efetuados pelo Governo com a “Hygiene Austria”.

Bósnia-Herzegovina

Nos Balcãs, o atraso da entrega de vacinas pelo programa internacional Covax, promovido pela Organização Mundial de Saúde, motivou a Sérvia a enviar para a Bósnia-Herzegovina um carregamento de 10 mil vacinas da Oxford/AstraZeneca.

O transporte das vacinas foi acompanhado pelo presidente sérvio e, à chegada a Sarajevo, a operação foi descrita pelo próprio Alexander Vucic como “um ato de solidariedade entre nações vizinhas dos Balcãs”.

Turquia

O presidente Recep Tayyp Erdogan garantiu esta terça-feira já terem sido vacinados 10 por cento da população, salientando a Turquia como um dos cinco países em todo o mundo que já o teriam alcançado.

A Turquia lançou uma maciça campanha de vacinação em meados de janeiro, com recurso à proposta chinesa Sinovac, dando prioridade aos profissionais de saúde e às faixas etárias mais altas.

Mais de 9 milhões de doses foram já administradas, Pelo menos 7,1 milhões de pessoas já receberam a primeira dose e quase dois milhões já tomaram também a segunda.

Embora mantenha um balanço que na terça-feira somou mais 68 mortos, 11.837 novas infeções e 7.892 recuperados ao quadro da epidemia, num total de 2,7 milhões de casos e 28.706 óbitos, o governo de Erdogan decidiu começar já a levantar as restrições que tem tido em vigor, em especial durante os fins de semana.

O desconfinamento está a ser gradual, de acordo com os níveis de risco em cada província, mas esta semana, nas zonas de baixo e médio risco, tal como aconteceu com os restaurantes, as escolas voltaram a abrir e a receber alunos, num regime misto de dois dias de aulas presenciais e três dias à distância.

“Estamos todos muito contentes por rever as crianças. Tudo está pronto e as crianças também estão animadas. Estivemos longe da escola demasiado tempo. Se Deus quiser, tudo vai correr bem e vamos terminar este ano de forma saudável”, afirmou Gulden Berdici, professora do ensino básico.

Francisco Marques / Euronews com Associated Press

Outras fontes • Heute, Frankfurter Allgemeine, Hürriyet, Anadolu

Imagem: Reuters / L. Foeger