AUGUSTO MIRANDA: O candidato do Chega de Mira apresenta-se aos eleitores (Parte 1)

15.03.2025 –

Numa extensa entrevista dada pelo primeiro candidato assumido à Câmara Municipal de Mira, Augusto Louro de Miranda fala sobre política local, problemas nacionais, pessoais e muito mais.  Saiba, nesta entrevista dividida em duas partes, o que pensa o candidato  que diz que, no que depender dele, “a política mirense nunca mais será igual…”

Foi na sua casa, nos Carapelhos, que Augusto Louro de Miranda recebeu a reportagem do Jornal Mira Online, para dar conta do motivo que o levou a avançar para uma candidatura à Cãmara de Mira e sobre outros diversos assuntos. Pausadamente, o homem que é a cara do Chega em Mira respondeu, em forma de conversa informal às questões que lhe foram colocadas.

O candidato afirma que “Foram as estruturas nacionais e distritais que me convidaram para esta candidatura… ela não é uma candidatura pessoal” para deixar claro que tem “orgulho no reconhecimento do trabalho até agora realizado”, mas avisa que há um trabalho de equipa, por detrás do anúncio.”Tenho algumas pessoas do meu lado que, por enquanto não querem dar a cara, mas a seu tempo, elas serão nomeadas”, garante, e continua.:“Sim, não há dúvidas: há quatro anos foi extremamente difícil dar cara pelo Chega” responde à reportagem. “Hoje em dia é muito mais fácil. Aliás, havia alguns outros “candidatos a candidato” pelo partido, em Mira, mas foi a mim que as estruturas nacionais e distritais escolheram” revela com orgulho, mas com “muito sentido de responsabildiade à esta chamada”.  

Ao ser questionado se poderia adiantar algumas propostas, o candidato jogou à retaguarda, pois afirmou que “temos uma equipa e isso, a seu tempo, será debatido”  Entretanto, logo de seguida, Augusto Miranda  exemplificou “a ABMG… ela  é um fracasso completo! Hoje somos completamente contra, como éramos há 4 anos atrás. Nunca percebi bem a posição do PS na altura, mas sei que hoje, aquele partido também está contra essa empresa. Se for eleito presidente, posso garantir, a saída da ABMG será uma das primeiras ações que tomarei!” disparou para, logo de seguida, tocar em outro ponto sensível: a recolha dos resíduos. “Devemos ser o concelho da Região Centro que mais paga pelo lixo e toda a gente percebe o porquê! Esse serviço é feito de uma forma completamente descoordenada. Estamos a fazer o que mais nenhum concelho faz, que é recolher o lixo num caixote verde. Basta sairmos até dois quilómetros da minha casa, para o Corticeiro de Cima e a quinhentos metros, para o Corticeiro de Baixo, para vermos as diferenças. Num lado há recolha organizada do lixo e um sistema muito mas, muito bem organizado, pela INOVA. No outro, aqui, ainda andamos a discutir o que é que as pessoas podem colocar num caixote do lixo! Isso é algo de surreal!”, afirma.

Questionado se poderia justificar algumas críticas ao atual mandato camarário, Augusto Louro de Miranda não deixou nada para trás: “Em primeiro lugar, as contas da autarquia! Ela tem-se endividado cada vem mais, ano após ano e isso é muito preocupante, ao nosso ver; Em segundo, a já referida ABMG que mostrou ser um enorme fracasso. Pior: Artur Fresco faz parte da direção da empresa, e esta é uma crítica que lhe faço, já que ele nunca acautelou os interesses de Mira. Temos um investimento muito menor em Mira que aquele que existe em Montemor e em Soure; Terceiro: Não existe uma carta arqueológica municipal – os vestígios que aparecem são completamente colocados à parte… e, depois, há outras questões, tais como a falta de transparência nalgumas situações na Assembleia Municipal; ou a enormíssima dificuldade de atrair empresas para o concelho! Vagos e Cantanhede têm cada vez mais empresas e aqui em Mira, não vejo uma verdadeira política de atração para elas. O discurso é sempre o mesmo: Mira não tem taxa de derrama, mas isso por si só não atrai empresas. Vagos e Cantanhede têm derrama e continuam a atrair empresas para os concelhos e nossas Zonas Industriais continuam a ser as parentes pobres… Temos a A17 e a A1 tão perto e não conseguimos trazer empresas! Esse é um caso caricato: temos todas as condições para atraí-las, com duas Zonas Industriais perto (Seixo e Montalvo)… no Montalvo nem sequer temos, ainda, a ligação à autoestrada! Na altura, o Presidente Raul entendeu que era importante avançar e que seria mais fácil construir os acessos, depois de estarem lá algumas empresas fixadas, mas… ainda hoje, não tenho nenhuma indicação de que essa ação possa acontecer. É uma falha grave! Compreendi a estratégia do Dr. Raul, na altura… mas, também já passaram alguns anos e nada aconteceu…” 

Mas, qual tem sido o feedback do trabalho que tem desenvolvido como deputado municipal? Louro de Miranda responde na primeira pessoa: “É com enorme gosto que recebo imensas mensagens de cidadãos mirenses. Praticamente todas as situações que são levantadas pela bancada do Chega na Assembleia Municipal são relatadas por cidadãos. Vejo com alegria que as pessoas sintam em mim, através da minha voz, alguém em que podem confiar os problemas que passam no dia-a-dia. Tenho orgulho no trabalho que tenho desenvolvido e fico contente por ver que as pessoas, depois destes quatro anos, reconhecem a minha luta pela “causa chamada Mira”, mesmo tendo começado sem nenhuma experiência, naquela altura. De certa forma, sou um porta-voz das angústias e dos problemas das pessoas…” assume.

E, como é fazer oposição em Mira? “A oposição é difícil no atual mandato, porque o PSD tem maioria na Câmara. Não sei como era a opoisição antigamente, mas tenho a percepção que não era tão acutilante como a atual, mas isso pode ser uma percepção minha e não quero ferir susceptibilidades. Entretanto, é preciso salientar que não fazemos oposição conjunta: a do Chega é do Chega, a do PS é do PS! Temos posições políticas muito  diferentes… claro que o Chega, com um deputado, não tem tanto tempo intervenção como o PS. Mesmo assim, não vejo que o PS tenha mais intervenção que o Chega, com uma só voz! Modéstia a parte, acho que tenho feito um bom trabalho, também aqui, no tempo que tenho disponível para usar da palavra… se fui o primeiro candidato escolhido pelas estruturas nacionais e distritais, certamente será por ter feito um bom trabalho até ao momento.” “Já, as intervenções são preparadas com, mais ou menos, uma semana de antecedência em relação às reuniões, mas não faço o trabalho sozinho: há áreas em que não estou tão à-vontade e a equipa que me apoia, emite suas opiniões e ideias”, completa.

Questionado sobre como a vida pessoal se transformou com o cargo que ocupa, Augusto Miranda diz que “eu e minha esposa sempre tivemos uma vida social intensa. Com o surgimento do Chega, a política nunca mais foi a mesma e, aqui em casa, fomos nos adaptando. Antes, estive numa outra intervenção política (IL) e mais tarde, apercebi-me que havia uma outra estrutura chamada Basta! (que foi embrião do Chega) e identifiquei-me mais com ela,. Na pandemia fiz-me militante, começamos a criar uma certa dinâmica (eu e o Eliseu Neves)… e assim, foi crescendo e não parei mais. Mas, repito: cá em casa houve uma adaptação tranquila!”. Entretanto, há quem não esqueça que o candidato Augusto tem uma longa ligação com o PSD… “Meu pai, penso que chegou a ser líder do PSD na Assembleia Municipal e, depois, foi-se distanciando do partido. Meu irmão é abertamente de esquerda, eu e o meu pai somos de direita. Não nego que tenha existido essa ligação mas, a dada altura, o Rui Rio levou o PSD que era de centro direita, a uma viragem mais à esquerda e isso afastou-me de vez!” “Por isso”, explica, “o PSD tem cada vez menos expressão de norte a sul e o Chega tem crescido enormemente. Em Santarém, Leiria e até em Coimbra tem acontecido uma mudança nesse sentido. Quem percebe a história da Península Ibérica sabe que as mudanças aconteceram de sul para norte e isso acontece, hoje em Madrid, por exemplo, onde a direita e a esquerda estão cada vez mais extremadas. Quem pensa que aqui está assim, em Espanha, então… está muito pior!” atira.

Mudando um pouco para uma política mais macro e menos micro, Augusto Miranda não nega a ambição que tem para o partido e vaticina: “A Europa sente que o Chega é um partido que não vai parar de crescer e vai, um dia, governar Portugal, gostem ou não! Há partidos ainda mais à direita que o Chega, a governar a Eslováquia, a Hungria, a Áustria… e é mais que expectável que Portugal vá por esse caminho!” Porém, nem tudo são rosas e há espinhos no caminho do partido que abraçou na sua visão política. Confrontado com os problemas que o Chega tem atravessado e se isso pode atrapalhar a sua candidatura localmente, ele é peremptório: “Penso que não! os problemas que o partido tem conhecido são a nível nacional… a nível local, penso que não haverá resistências em votarem, pois as pessoas me conhecem – no caso de Mira. O Chega está perto do 70 mil militantes e é natural que hajam alguns oportunistas que tomam atitudes que não são as mais indicadas. Mas, também quero frisar uma coisa: todos os candidatos do Chega entregam sua ficha criminal ao partido e, quando elas são entregues, ninguém sabe se, no futuro não existirão problemas… não nos esqueçamos que o Chega tem alguns casos – não direi que não – mas os outros paridos (nomeadamente PS e PSD) têm muitos mais! Ainda não vi o Montenegro ou o Pedro Nuno Santos expulsarem algum deputado, por ser arguido”, atira.

“Por falar nisso”, continua, “sei que andam aí, nas redes sociais, pessoas que querem se aproveitar da minha situação e quero esclarecer aqui – porque não sigo esses grupos de “galo ou não sei o quê”. “Pelo que me consta, sei que  voltou novamente, à baila, o “caso” da minha piscina, como se ela fosse uma grande ilegalidade e nunca existiu ilegalidade nenhuma nem para mim, nem para a autarquia! Nunca existiu nada, nem a casa foi embargada, nem nada que o valha! O que aconteceu foi que, quando decidi fazer esta casa, meti o projeto na Câmara Municipal e ele foi aprovado. Entrtetanto, meu sogro, durante a construção da casa, comprou o terreno ao lado. Foi um terreno muito difícil de escriturar, por questões do próprio terreno. A partir do momento em que o terreno ficou em posse da minha esposa, imediatamente comuniquei às finanças, paguei todo o IMI que tinha de pagar retroativo e as finanças sempre tiveram conhecimento da situação. A licença de habitabilidade está pedida e o atraso tem a ver com a revisão do PDM. Não posso fazer as coisas ao meu bel-prazer… é preciso aguardar o tempo da burocracia! Até digo mais: a licença de habitabilidade não é, hoje em dia, um documento necessário para a compra e venda de casas e isso tudo não tem nada a ver com a piscina: tem a ver com o gás, porque nunca pensei em meter o gás – tenho receio dele, em casa – e achei que isso seria um mal menor. Na altura a Câmara exigia um projeto para o gás e eu não quis fazê-lo e hoje, não é necessário… ou seja, estive sempre à frente no tempo, pois era um absurdo! Para que meter um projeto daqueles se nunca quis fazer a instalação do gás? Tudo isso que andam por aí a falar é uma completa idiotice!” dispara, para completar com “na verdade, isso não passa de meras politiquices…”

Voltando à política caseira… e quanto a campanha que aí vem? Que tipo de apoio do partido o candidato está a espera? “No que depender de mim, é claro que gostaria de ter cá uma Rita Matias, um Pedro Pinto, um André Ventura… entretanto, sabemos que não podem estar em todo o lado. Mas, o deputado eleito por Coimbra (Eliseu Neves) estará na minha campanha e espero que ele consiga trazer mais pessoas” diz, esperançoso.

Para Augusto Louro de Miranda “Um bom resultado seria a vitória, não é? (sorrisos)” “Na verdade, não tenho dúvidas de que o nosso resultado será superior às últimas Autáruquicas. Até digo mais: se o resultado for igual ao de há quatro anos, isso será, para  mim, uma derrota pessoal! Está tudo nas mãos dos mirenses, mas há uma coisa que posso garantir: no que depender de mim, a política mirense nunca mais será igual, porque não me vendo “por um prato de lentilhas, nem por um “tachozito” na Câmara”. Posso garantir que serei intransigente com negócios “menos claros” com os quais não concorde. Minha forma de estar na vida sempre foi assim e, por isso, deixo a opção de escolha nas mãos dos mirenses que irão decidir os destinos do Concelho de Mira…”

Jornal Mira Online

(Continua domingo, 16 de Março de 2025…)