AUGUSTO MIRANDA: O candidato do Chega de Mira apresenta-se aos eleitores (2ª parte)

22.03.2025 –

O candidato anunciado do Chega à Câmara Municipal de Mira deixa-nos pistas, nesta parte final da entrevista ao Jornal Mira Online, das suas diversas preocupações sobre os problemas que, na sua ótica, assolam o Concelho…

Receoso com o que o futuro reserva para o país, a região e o Concelho de Mira, Augusto Louro de Miranda diz – sem papas na língua – que “muita gente não acredita nisto, mas Mira já foi mais desenvolvida que Cantanhede e Vagos! O século XX foi muito, muito favorável a Mira, mas o século XXI não está a ser nada favorável!” Na realidade, para o autarca, os problemas andam como se de uma bola de neve se tratasse: “A República Portuguesa está a enfrentar a concorrência dos países de Leste e temo que, devido a pouca afirmação do Concelho de Mira a nível nacional, daqui a 20, 30 anos, possamos estar a discutir a extinção do Concelho de Mira, pela terceira vez (as outras duas foram no século XIX). O Distrito de Coimbra tem cada vez, menos voz. Aveiro, Leiria e Viseu, estão a crescer muito e nosso Distrito está estagnado. Por exemplo: já ouço falar que os Hospitais da Universidade podem passar a ser um Hospital normal, perdendo esta designação…” exemplifica para, de seguida, comparar com Municípios limítrofes. “Lembro-me de ter sido difícil trazer o Dr. André Ventura à Expofacic, pois ele não a conhecia. Entretanto, quando lá esteve, chegou a comentar “eh pá… isto parece a Feira de Santarém!” “As delegações do Chega são super-bem recebidas pela autarquia, que dá-nos um reconhecimento enorme, pois percebe que isso é bom para o Concelho… de tal forma que, quando fizemos um Conselho Nacional por imposição do TC, o Dr. André Ventura disse que o local ideal para fazê-lo era Cantanhede, por ser relativamente perto de Coimbra e por ter bons acessos. Estiveram lá TVs espanholas e francesas… e Cantanhede sabe aproveitar estas dinâmicas nacionais, tem peso a nível nacional, assim como Vagos também, pois tem um Secretário de Estado – embora isso seja fruto de negociatas do Sr. Luís Montenegro.”

A “falta de visibilidade de Mira” é algo que incomoda sobremaneira o candidato. “A grande Festa da região, era o São Tomé! A Expofacic, lembro-me bem, começou com 4 tendas no Largo de Febres. Vagos não tinha Festas Municipais… Veja o que são hoje e o que é, hoje, o nosso São Tomé… Montemor-o-Velho já tem uma Festa maior que a nossa! E nós, aqui, ficamos a discutir se fazemos o “Natalzinho” em Mira ou no Seixo, tudo muito virado para o nosso umbigo!” Mais enfático ainda, Augusto queixa-se da “triste realidade” de ver que “qualquer lisboeta, quando ouve falar de Mira, Coimbra, pensa logo na Praia de Mira e ela precisa ser bastante acarinhada, sem guerras fraticidas!” “Em Lisboa”, continua, “quando digo que sou de Mira, perguntam-me se é Mira-Sintra! pois não sabem onde estamos e, pasme-se, Mira só não está pior, porque o Distrito é muito fraco, com concelhos como Góis, Arganil, Tábua…”

Mas, os problemas não param por aqui. Longe disso, e o candidato vai desfiando um após o outro…

“A situação dos Bombeiros preocupa-me bastante, não só como autarca, mas também, como mirense. O que me preocupa não é tanto a situação financeira que, claro, não é a melhor… mas, sim, a inexistência de listas para pegarem nos Bombeiros. Isso é extremamente preocupante! Sei que a Direção e o Presidente da Mesa têm feito um grande apelo. Confesso que fui sondado e mostrei minha disponibilidade, mas não para um cargo de Direção, já que não quero misturar as águas, pois não seria benéfico para os Bombeiros. Estamos todos muito preocupados, tanto aqui como em Cantanhede, por exemplo, pois esta é uma casa fundada em 1982, apenas, e já corre o risco de desaparecer. Esta é uma daquelas crises graves e profundas e é preciso todo o apoio da população, com a constituição de uma lista que, apesar de não ser nada fácil, possa assumir a situação” “Tenho que começar a pensar, com a equipa que me acompanha, para sabermos até que ponto não temos de colocar a hipótese de termos uma Corporação de Bombeiros Municipais, criada de raíz… Não sei se isso seria possível mas, temos os Sapadores Florestais que poderiam ser, facilmente, o embrião dessa corporação, sendo florestais e urbanos. Critico muitas associações mas, nunca ouviram da minha boca uma crítica aos BVM… merecem-me todo o meu respeito. Não quer dizer que não possa criticar uma ou outra decisão das Direções, mas esta Associação está muito acima disso tudo! Certamente, será um assunto a ser discutido na Campanha Eleitoral. Entre não ter Bombeiros e tê-los no Município… acho que sabemos o que é melhor. Mas, isso não pode ser como tem sido há muito tempo, com o PS e o PSD a mandar para lá dinheiro e empurrar o problema com a barriga. Por vezes, os problemas não se resolvem com dinheiro mas, com uma atitude mais proativa, mas musculada, vá lá…”

“Para além disso, preocupa-me imenso a ABMG, que já dissequei – a falta de uma rede de saneamento, a falta de investimento… A ETAR das Cochadas vai tratar dos problemas de Cantanhede, mas há outras ETARs em Cantanhede que estão completamente obsoletas. Provavelmente, a INOVA vai ter a tentação de desligá-las. Se isso acontecer, a ETAR das Cochadas vai entrar em “modo complicado”. Mais: ainda não foi desmentido que Cantanhede tem interesse de utilizar a água tratada para terrenos agrícolas. Se a ETAR tivesse sido contruída em Mira, tínhamos uma outra voz, porque ela estava no nosso concelho. Também há um outro problema que me preocupa imenso: a poluição da Barrinha! Temos que pensar em como acabar com a poluição, pois o problema ainda vai durar anos, para não dizer décadas. Isso se resolve  como se faz num aquário: medir os níveis de nitratos, de sulfatos, de PH… conhecer os problemas, para poder resolvê-los. Se calhar, temos de perceber a dinâmica da reprodução dos jacintos que são um aliado para purificar a água, como acontece nas ETARs. São problema? São, mas também podem fazer parte da solução! Se não está a ser monitorizado, tem de ser… os serviços da autarquia possuem técnicos qualificados para isso. Se tivessemos os dados ao longo do tempo, já tínhamos o problema muito bem encaminhado. Hoje temos zero! Sem dados, não podemos ter a certeza de que está tudo a ser feito para eliminar, a médio prazo, o problema…”

Outros temas:

DESPORTO:

Mas, nem tudo são espinhos no caminho mirense: “No desporto, (embora este não seja o meu ponto forte) vejo uma forte dinâmica . Encontro pessoas pelo país fora, por exemplo, a falarem-me do Domus, o que demonstra que o clube é, já, reconhecido, longe das fronteiras do Município. O Ala-Arriba, o Touring, são embaixadores do concelho e há muitos outros casos que nos deixa orgulhosos!”

RAUL ALMEIDA:

“Quando Pinto da Costa morreu, deixou uma lista de quem não queria no seu funeral. Aquele homem pode não ter sido consensual em muitos aspectos, mas foi frontal e eu respeito muito isso! Esta é a minha forma de vida e, por isso, quando o Dr. Raul faleceu, fiz questão de estar presente, garanto-lhe que não por aproveitamento político mas, porque ele sempre foi franco e direto comigo e é isso o que aprecio! Todo o mundo conheceu as nossas divergências mas, fiz questão de estar presente porque sempre teve uma atitude muito boa comigo e com o Chega. Se calhar, se não tivesse sido desta maneira, eu não teria estado presente… Se Raul Almeida merece o nome de uma rua? Eu penso que sim! Posso falar, com conhecimento de causa: ele foi uma pessoa que entregou-se de corpo e alma ao concelho. Sei que isso pode parecer “politicamente correto”, mas eu acho que as pessoas devem ser reconhecidas pelo seu mérito… Nem sempre esteve bem – sou o primeiro a dizer – mas, se houver uma proposta na Assembleia Municipal, certamente receberá a aprovação do Chega! 

A DÍVIDA DE MIRA É “ALARMANTE”? AUGUSTO MIRANDA RESPONDE:

“O caso da dívida, na minha opinião, é assim: a dívida do município é grande, mas não é alarmante como diz o Partido Socialista! Aliás, se formos ver, as autarquias mais envididadas do país são do PS, partido que tem um historial nessa matéria! Lembro-me que, quando o PS esteve na Câmara de Mira, havia situações muito mais alarmantes que agora… O Dr. Raul Almeida, quando pegou na Câmara, havia faturas por pagar…. mas, isso faz parte do jogo político do PS. Porém, uma coisa é preciso dizer: quem tem contas mais saudáveis, pode lançar-se para outros projetos e, por isso, quem for para a Câmara terá de pugnar-se por contas menos preocupantes. Repito: preocupantes e não, alarmantes como os Socialistas querem fazer crer!”

Jornal Mira Online