A atriz brasileira Regina Duarte confirmou ontem que aceitou o convite proposto pelo Presidente do país, Jair Bolsonaro, para chefiar a Secretaria Especial da Cultura, após a exoneração do antecessor que parafraseou um discurso nazi.
Na tarde de ontem, à saída de um encontro com Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto, local de trabalho da Presidência da República, em Brasília, Regina Duarte foi questionada por jornalistas se tinha aceitado o convite do chefe de Estado, tendo respondido “sim”.
“Sim (…). Só que agora vão correr os proclamas antes do casamento”, respondeu a atriz, numa referência a metáforas de noivado que têm sido usadas por Regina Duarte e por Bolsonaro, para se referirem ao período de testes que a brasileira pretendeu efetuar antes de dar uma resposta ao convite.
O edital de Proclamas é um documento que o cartório emite quando os noivos dão entrada no casamento civil.
A atriz, confessa apoiante de Bolsonaro, desembarcou em Brasília ao início da tarde de hoje, mas na ocasião não deu detalhes à imprensa local, afirmando que havia um protocolo a ser seguido e que não poderia falar sobre o assunto.
Contudo, ao final da tarde de ontem, decidiu confirmar que será a nova secretária da Cultura do país sul-americano.
Já o chefe de Estado declarou, que está tudo “encaminhado” com a atriz.
“Está tudo certo, está encaminhado. Ela [Regina Duarte] está a acertar umas questões pessoais”, indicou Bolsonaro, citado pelo jornal O Globo.
Na rede social Twitter, o ministro do Turismo do Brasil, Marcelo Álvaro Antônio, escreveu que a Cultura do país “terá ainda mais voz” com a presença da atriz no Governo.
“Está quase na hora, Regina Duarte. Faltam detalhes para [a] ter ao nosso lado no Governo do Presidente Jair Bolsonaro. Que os proclamas antes do casamento corram o mais rápido possível. Tenho certeza de que a Cultura terá ainda mais voz e vez com o seu trabalho”, indicou o responsável pela pasta do Turismo.
Contudo, para que Regina Duarte integre efetivamente o executivo do Brasil, a sua nomeação ainda terá de ser publicada no Diário Oficial da União.
Regina Duarte foi convidada para o cargo em 17 de janeiro, no mesmo dia em que Roberto Alvim foi demitido da Secretaria da Cultura por ter parafraseado partes de um discurso do ministro da Propaganda nazi, Joseph Goebbels, gerando uma onda de protestos.
A atriz ganhou fama em vários países como protagonista de “Malu Mulher” (1979), uma das séries de maior sucesso no Brasil, e na qual interpretou uma jornalista divorciada que tentava ganhar a vida sozinha, e que na época lidava com questões nunca discutidas na televisão, como sexo, aborto ou drogas.
Regina Duarte participou ainda em novelas de grande sucesso em Portugal como “Roque Santeiro”, “História de Amor” e “Páginas da Vida”.
Politicamente, a artista apoiou publicamente a eleição dos presidentes Fernando Collor (1990-1992) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), que derrotaram o líder de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, em três eleições consecutivas.
Porém, a sua posição nunca foi tão clara como em 2002, quando Regina Duarte apoiou o então candidato conservador José Serra e, numa propaganda da sua campanha eleitoral, cunhou o ‘slogan’ “estou com medo”, numa referência a uma eventual, e posteriormente confirmada, vitória de Lula da Silva nas presidenciais.
Em 2018, a atriz declarou o seu apoio a Bolsonaro e, durante a campanha, visitou o agora chefe de Estado na sua residência no Rio de Janeiro, enquanto o político recuperava de uma facada que sofreu durante um comício eleitoral.
Fonte/Foto: Lusa