A mulher assassinada pelo marido, na manhã de quinta-feira, na Charneca da Caparica, Almada, tinha apresentado recentemente uma queixa na GNR por violência doméstica, que estava a ser objeto de averiguação.
Pouco passava das 11 horas, quando Augusto Borges, 38 anos, entrou no n.º 1 da Praceta do Cruzeiro, uma moradia, e asfixiou a mulher, Anabela, da mesma idade, com um lençol da cama. O casal estava a separar-se e Augusto não aceitava esse desfecho na relação.
Logo após cometer o crime, que terá ocorrido durante uma discussão quando ele foi buscar alguns pertences, o próprio agressor contactou a GNR. “Recebemos no posto da GNR uma chamada de um indivíduo a dizer que tinha matado a mulher. De imediato, deslocámos meios para o local, mas a mulher foi encontrada já sem vida”, disse fonte da Guarda.
Durante o crime, os dois filhos do casal, com 11 e 20 anos, estavam no andar de cima da casa, acompanhados por um amigo. Nenhum deles se apercebeu de nada. Augusto foi detido pela GNR e entregue à Polícia Judiciária.
O INEM chegou antes da Guarda, às 11.15 horas, e ainda encontrou Anabela Borges com vida, mas nada conseguiu fazer para evitar a morte. “A vítima encontrava-se em paragem cardiorrespiratória, quando os técnicos de emergência chegaram ao local”, frisa fonte do INEM. Para além de uma viatura médica de emergência e reanimação, foram destacados para o local uma ambulância e psicólogos.
Vizinhos das vítimas contaram que o casal se afastou progressivamente desde que Anabela viu a sua perna esquerda amputada, em 2012, fruto de um erro médico decorrente de uma operação às varizes. Há cerca de quatro meses que o casal estava separado.
A moradia n.º 1 na Praceta do Cruzeiro tinha sido comprada há pouco mais de três anos por Anabela Borges e pelo seu marido. Antes, tinham morado no primeiro andar de um prédio, mas devido à amputação que a mulher sofreu, tiveram de arranjar uma nova habitação.
Na zona, ninguém se apercebeu de nada, do que viam da vida dos vizinhos, que pudesse apontar para este desfecho trágico, embora este não fosse o primeiro caso de violência doméstica. “Ainda há dois anos, a PJ esteve aqui a recolher testemunhos sobre uma outra situação de maus-tratos conjugais”.
Jornal de Noticias