RAUL ALMEIDA: O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE MIRA TEM A PALAVRA

Raul Almeida é um homem acessível. Afável. Simpático. Mesmo quando o assunto não é do seu agrado.

É capaz de contar, com frontalidade e rapidez, os caminhos que tem cruzado nestes primeiros meses de mandato. Não tem tabus. Não pensa muito nas respostas. Diz o que pensa, o que lhe vai na alma, sem medo de “ir mais além” do politicamente correto.

Raul Soares Almeida é advogado de profissão, casado e pai de duas crianças. Gosta de futebol. Um cidadão “dentro da generalidade”, portanto. Nada de “vedetismos” ou de “Sr. Dr.”. O que ele quer mesmo é desempenhar bem o papel que a maioria da população de Mira lhe entregou em mãos.

Ciente, sempre ciente das “dificuldades dos dias que correm”, o Presidente da Câmara Municipal de Mira faz um balanço bastante positivo da atuação do executivo liderado por si, até ao momento. Claro está que, esta primeira fase é de “adaptação” e contacto com a realidade nua e crua do Concelho. Esta foi a fase do “diagnóstico”, dos problemas reais do dia-a-dia…

Diz, sem pestanejar, que “a situação financeira da Câmara não é aflitiva, mas também não é famosa”, já que ainda existe um desequilíbrio de receitas e um despesismo que ainda está a ser controlado.

Quanto às relações institucionais, vão bem e recomendam-se. Tanto a nível de oposição autárquica, Juntas de Freguesia, ou no que toca ao poder central, na pessoa do Ministro Poiares Maduro, Raul Almeida sente que há, da parte de todos, um diálogo transparente, leal e construtivo que ajuda, sobremaneira, na procura de resoluções para os problemas. “Mesmo dentro das divergências é possível procurar-se convergências”, diz o autarca mirense.

Quando o questionamos sobre as possibilidades de apoiar as IPSS´s localizadas no Concelho, conforme a sua vontade, Raul Almeida diz nem sempre ser possível atender em todas as vertentes mas, pelo menos na parte logística, a Câmara procura ajudar estas Instituições que “desempenham um papel importantíssimo na sociedade local substituindo, muitas vezes, o papel do Estado”. Já no que toca à transformação do Tribunal de Mira em Tribunal de Proximidade, o presidente diz que o município colocou uma ação para tentar reverter a decisão tomada pelo Ministério da Justiça, que deverá ter início no dia 1 de Setembro. Enquanto esta ação não obtém uma decisão do Tribunal competente, o que resta ao Município é criar estruturas para os juízes que cá estiverem para que  possam trabalhar com as condições necessárias.

Já numa outra área extremamente sensível para Mira – o desemprego – Raul Almeida diz: o Concelho tem trunfos importantes para atrair investimentos novos que gerem empregos efetivos: a proximidade com a A-17, e uma ótima localização em relação aos portos da Figueira da Foz e de Aveiro, de onde Mira dista cerca de 40 quilómetros, são argumentos “de peso” mas, antes de avançar para este tipo de propostas, é preciso criar uma Zona Industrial Nova, já que as atuais não estão concebidas para receber grandes indústrias, onde haja uma “empresa âncora” que traga postos de trabalho não só para si, mas para outras que “girem ao seu redor”. Para além disto, vão-se criando parcerias municipais, desenvolvidas em rede ou com Universidades, para além de negociações em curso para se poder reabrir a Incubadora de Empresas, se possível, já no próximo mês de Outubro.

Quanto ao que se tem feito para “colocar Mira no mapa”, a mudança de local da feira do dia 23, a Feira das Velharias e as próprias Festas da Vila, em Honra de São Tomé são, para o autarca, provas inequívocas de que se pode fazer muito com imaginação e boa vontade. Para além disto, as “obras de requalificação” previstas para o Centro da Vila, que não tardarão a ter início serão, também, mais uma alavanca no desejo de atrair visitantes durante todo o ano, e não apenas no Verão. Esta é uma aposta divulgada pela CM há alguns meses, onde se inserem, por exemplo, as Festividades alusivas aos 500 anos do Foral de Mira.

Por último, o JORNAL MIRA ONLINE procurou “saber da justiça da Câmara” sobre o assunto que há algumas semanas tem apaixonado, dividido e criado pequenas fissuras na sociedade local: AS TOURADAS.

Raul Almeida agradeceu a pergunta pois, citamos: “é muito importante esclarecer as pessoas sobre a realidade do que se passou”.

Para o autarca, houve extremismos de parte a parte, o que não é salutar em Democracia. Mas, “o que é importante é esclarecer a população que não cabe à CM o licenciamento das touradas. A CM apenas licenciou o recinto. Assim sendo, SE A LEI NÃO MUDAR, a CM não pode impedir a realização do evento, já que a ela só cabe licenciar o recinto”.

Alegando ter havido uma “intoxicação informativa” muito grande, Raul Almeida usou como exemplo, a CM de Viana do Castelo, que em 2012 não licenciou um evento similar, mas teve que o permitir, posteriormente, pelo facto do Tribunal Administrativo assim o ordenar, já que, na altura, os produtores do evento tinham preenchido todos os requisitos legalmente exigidos para que a tourada pudesse acontecer.

Aqui procurámos, de uma forma sintética, dar a conhecer as ideias globais do Presidente da Câmara Municipal de Mira. Muitas ficaram para uma futura entrevista, tantos são os dossiers importantes e “quentes” que ele tem em mãos. Mas, cremos que muito do que norteia a atuação deste jovem autarca está resumido naquilo que ele considera que “não deve abrir mão até ao final do seu mandato”: melhorar as condições de saneamento e da água do município. Esta é uma obra extremamente cara e que, na generalidade, os políticos costumam ignorar… Pelo facto de “não ser visível”, já que está longe dos olhos dos eleitores.

Quando alguém pensa primeiro nas condições dos seus concidadãos e depois nos votos que pode receber no futuro, é um sintoma de que ainda há (muita) gente disposta a mudar a imagem da classe política para melhor..

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