Artistas de Mira a mostrarem o 25 de Abril em Cantanhede: Arte e história em conjunto

José Monteiro sempre foi conhecido em Mira e nos meios do futsal, como o “Zé Pequeno”. É óbvio que a alcunha veio do seu tamanho (não é tão pequeno, assim…), mas quem o conhece minimamente, sabe que é um grande ser humano. Muitas vezes calado, sem ser de sorrisos descarados, este cidadão da Lagoa de Mira é uma “personagem” local, sem dúvidas. Agora, que fosse um “poeta revolucionário” poucos (ou, quase ninguém) o sabia!

Foi assim que José Monteiro procurou o seu amigo de longa data, Nuno Pedreiro. Tinha a ideia de unirem forças e realizarem uma exposição sobre o 25 de Abril. E, foi por isso que o Jornal Mira Online os convidou para uma conversa e para falarem deste trabalho conjunto…

Nuno teve de ser “convencido” ao longo de alguns meses para participar em conjunto. Não por soberba, que Nuno não é destas coisas, é um rapaz humilde, mas, por considerar que talvez não encontrasse “o ponto certo” entre os poemas e as suas imagens. Mas, acabou por aceitar, em nome de uma amizade de tão longa data.

Assim, nasceu uma exposição que esteve até ao fim do mês de Abril no Museu Etnográfico e Posto de Turismo da Praia de Mira e, praticamente em conjunto, desde o dia 25 de Abril, também se faz presente no átrio da Câmara Municipal de Cantanhede, onde pode ser vista.

Poeta “de mão cheia” José Monteiro encontrou na obra de Nuno Pedreiro, o complemento necessário para passar a sua mensagem. Quis mostrar com suas rimas que “os valores essenciais da Revolução dos Cravos estão esquecidos por meia dúzia de cidadãos que “tomaram posse” da ideia, dos ideais, do país em suma, e que não respeitam minimamente o legado que nos deixaram aqueles militares”.

Já Nuno Pedreiro  acredita que o 25 de Abril “deu-nos estabilidade para exprimirmos o que pensamos e sentimos, mas acabou por beneficiar apenas uma pequena minoria da população”.

Juntadas as forças e com ideias parecidas sobre o tema, Nuno Pedreiro colocou mãos à obra e começou, primeiramente, a fazer a sua parte do trabalho “a carvão”, mas acabou por experimentar colocar cores nos seus desenhos, e aí percebeu que, desta forma, dava “mais cor aos textos”.

O resultado está à vista: um trabalho de qualidade que já foi bastante elogiado no Concelho de Mira e agora está a ser, no vizinho Concelho de Cantanhede! Mas, isto agora não tem como parar: José Monteiro e Nuno Pedreiro pensam em prosseguir juntos de alguma forma. Assim, planeiam realizar um livro já em 2016, onde possam prosseguir a mesma maneira de atuar que estas exposições demonstram, pelo seu sucesso, ser um êxito.

Resta-nos a todos, esperar. Esperar que estes talentosos mirenses continuem a brindar-nos com talento e uma boa dose de “risco”, que assumem em cada obra que criam.

Porque uma obra artística é mesmo um risco: ela pode ser entendida ou não. Pode ser percebida de múltiplas formas. Pode ter as cores e as palavras todas vinda do coração do artista, mas, tal como José e Nuno, o artista sabe que a sua mensagem passa a ser de todos os que terão liberdade de escolha nas suas opiniões, e isto é (também) um legado do 25 de Abril…

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