A Arriva Portugal está a olhar muito atentamente para a liberalização do transporte ferroviário de passageiros em Portugal e admite apostar no transporte ferroviário de longo curso, regional e suburbano. A empresa, que é uma subsidiária dos caminhos-de-ferro alemães, a Deutsche Bahn, e operador ferroviário em países como Inglaterra, Suécia, Polónia, Holanda, entre outros, pretende, muito em breve, finalizar alguns processos burocráticos e constituir-se como operador ferroviário em Portugal. Em declarações à Transportes em Revista, Pires da Fonseca, presidente da Arriva Portugal, disse que «existem muitas oportunidades de negócio em Portugal, desde que se criem condições efetivas para a devida liberalização do setor». O responsável adianta que «não estamos interessados em linhas, estamos interessados em negócios» e refere que a liberalização do transporte ferroviário de passageiros poderia criar dois tipos de oportunidades, uma do ponto de vista comercial e outra do ponto de vista do serviço público.
Para o responsável, o Estado poderia lançar concessões de serviço público, através de um modelo de “gross cost”, abrindo concursos para os serviços ferroviários regionais e suburbanos das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. «Seria uma mais-valia a criação de concessões ferroviárias de serviço público nas zonas metropolitanas e que fossem complementares à CP. Não queremos que a CP deixe de fazer comboios. Mas podem existir, por exemplo, dois ou mais operadores na Linha de Sintra ou no eixo entre Setúbal e o Oriente. Vejam o que existe em outros países europeus. O modelo de “gross cost” pode ser aplicado no setor ferroviário e na mesma linha pode haver o comboio azul, o verde ou o amarelo. E isto é um incentivo à captação de operadores ferroviários para o mercado português. Assim, poderiam aumentar a frequência nestas linhas e até resolver um problema que irá tornar-se maior, que é a falta de capacidade dos meios, nomeadamente nas áreas urbanas».
Pires da Fonseca adianta que o mesmo modelo poderia ser aplicado, por exemplo, em linhas regionais, como por exemplo, na Linha do Algarve, do Douro, Minho ou Oeste: «Estas concessões ferroviárias poderiam ser complementadas com soluções rodoviárias de rebatimento, permitindo a integração de toda a mobilidade de uma região», disse.
Já em relação ao longo curso, Pires da Fonseca, refere que seria muito interessante a Arriva «ser o primeiro operador ferroviário de passageiros a lançar o primeiro comboio privado na Linha do Norte». Segundo o presidente da Arriva Portugal, «temos de olhar com atenção para o serviço de longo curso em Portugal porque está a perder mercado. Os ferroviários gostam muito de segmentar os mercados porque só se comparam com eles próprios…portanto é fácil crescer. Mas, no eixo atlântico, o crescimento do transporte rodoviário expresso e do transporte aéreo tem sido significativo, com graves impactos do ponto de vista ambiental. E eu estou convencido que só através da massificação do transporte ferroviário é que se consegue resolver esta questão ambiental».