Um papel, uma caneta e um ‘smartphone’ chegam para que qualquer pessoa crie um videojogo com a aplicação Playsketch, que está a ser desenvolvida em Coimbra e que tem lançamento previsto para 2017.
“E se fosse possível desenhar jogos num papel e tornar esses jogos desenhados ‘vivos’ numa aplicação?”. Foi esta a ideia inicial que Pedro Santa e Luís Pereira tiveram, quando ainda eram estudantes na Universidade de Coimbra, e participavam no SAPO Codebits, em 2009.
Sete anos depois, estão prestes a lançar a aplicação que promete instigar a criatividade e a imaginação nas crianças, tornando-as responsáveis pela arquitetura dos seus próprios jogos.
Para os dois criadores, Playsketch é “muito mais do que a aplicação” em si. “É uma ferramenta e um brinquedo”, onde poderão ser desenvolvidos vários “tipos de jogos”.
Corridas de carros é o jogo numa fase de desenvolvimento mais avançada, seguido de ‘match 3’ e ‘space invaders’, mas a equipa pensa também aplicar o Playsketch a ‘pinball’, plataformas ou asteróides, entre outros.
Em vez de recorrer à programação – que exige conhecimentos técnicos específicos -, o Playsketch propõem “às pessoas que imaginem no papel o seu jogo. Esta é uma forma muito mais natural de fazer o jogo”, disse à agência Lusa Pedro Santa.
Qualquer pessoa pode agarrar numa folha de papel – se estiver num restaurante “até pode ser o papel da mesa” – e desenhar os elementos do jogo. De seguida, tira uma fotografia, a aplicação reconhece e transforma o desenho, por exemplo, de uma pista de carros, e depois o utilizador acrescenta o local da meta, poças de óleo ou zonas de aceleração e está pronto para jogar, sozinho ou contra outra pessoa num ‘tablet’ ou ‘smartphone’.
No futuro, esta ‘startup’ de Coimbra, sediada no Instituto Pedro Nunes, quer criar uma comunidade ‘online’ de jogadores, em que amigos e desconhecidos possam partilhar os jogos que conceberam, bem como comparar pontuações ou lançar um desafio a alguém.
A aplicação acabará por se subdividir em diversas aplicações ligadas a um tipo de jogo, para não a tornar “demasiado pesada”.
Com tantas possibilidades a explorar, a equipa pretende também que o Playsketch possa chegar às salas de aula.
“Os docentes têm valorizado a nossa ferramenta e veem capacidade educativa para atividades ligadas à expressão plástica ou artística ou até na matemática ou aprendizagem das letras”, realçou Pedro Santa.
“A experiência de um papel em branco é muito libertadora e achamos que isso é uma forma mais natural de as pessoas se expressarem, podendo até inventar histórias” dentro do jogo, contou.
A aplicação, que vai funcionar em Android e iOS, não necessita de qualquer “‘hardware’ especial”, estando direcionada para o mercado familiar e de crianças dos seis aos 12 anos.
Depois da ideia inicial em 2009, o projeto acabou por arrancar em 2014, quando os dois engenheiros informáticos obtiveram o apoio do passaporte para o empreendedorismo do IAPMEI, tendo em 2015 sido selecionados, no âmbito do programa inRes, para uma formação nos Estados Unidos.
Até agora, o projeto tem sido financiado por “sweat capital [capital de suor]” de Luís e Pedro, que têm já “alguns investidores” interessados em entrar numa fase mais avançada da aplicação.
A versão beta, com o jogo de corridas, será lançada publicamente entre o último trimestre deste ano e o início de 2017. No entanto, os interessados podem já pedir para experimentar a versão beta, ao registarem-se no ‘site’ da ‘startup’ (http://playsketch.net/).
A equipa espera lançar publicamente a versão final em 2017, com a expectativa de entreter famílias em torno de uma aplicação em que não é preciso ser-se programador para criar um videojogo. Basta um papel e uma caneta.
Lusa