O secretário-geral do PS, António Costa, acusou hoje a oposição de “brincar com o fogo” ao aprovar, no parlamento, a recuperação do tempo total de serviço dos professores no período em que houve congelamento de progressões.
“É extraordinário que agora que conseguimos ter o défice mais baixo da nossa democracia, que estamos a reduzir finalmente a dívida pública do país, que temos a mais baixa taxa de desemprego das últimas décadas, que pela primeira vez desde o ano 2000 temos três anos consecutivos a crescer acima da média europeia, haja quem resolva brincar com o fogo e queira deitar tudo a perder”, afirmou António Costa, também primeiro-ministro.
Discursando em Coimbra, num jantar comício com cerca de 1.500 autarcas socialistas de todo o país, o líder do PS salientou que o Governo a que preside “nunca prometeu o que não podia fazer” e tem de dar “cada passo com segurança”.
“Nunca podemos dar um passo maior do que a perna, porque sabemos que aqueles que há três anos anunciavam o diabo estão sempre à espreita do primeiro deslize para nos apresentar a fatura dos erros que pudéssemos cometer e é por isso que não estamos disponíveis para cometer erros, nem para pagar a fatura das irresponsabilidades que os outros querem cometer”, afirmou, numa referência ao PSD.
Muito aplaudido ao longo dos cerca de 20 minutos de discurso, o secretário-geral garantiu que se o PS “continuar neste caminho, com determinação e segurança, os salários e as pensões continuarão a subir e os impostos continuarão a baixar”.
“Se alguém acha que este ano, por haver três atos eleitorais, vamos ceder ao facilitismo, à demagogia e ao eleitoralismo, pois podem tirar o cavalinho da chuva, porque chegaremos ao último dia da mesma forma que entrámos: de cabeça levantada e determinada a cumprir e a honrar os nossos compromissos”, assegurou.
“O que não podemos aceitar é que aqueles que há poucas semanas diziam que era demagogia e eleitoralismo criar um novo sistema de passes sociais, que permitiu baixar o custo do transporte público em todo o país, permitam de um dia para o outro criar mais 800 milhões de despesa corrente todos os anos, como se isso não fosse colocar em risco as nossas finanças públicas”, salientou.
O primeiro-ministro afirmou hoje que comunicou ao Presidente da República que o Governo se demite caso a contabilização total do tempo de serviço dos professores seja aprovada em votação final global.
“Ao Governo cumpre garantir a confiança dos portugueses nos compromissos que assumimos e a credibilidade externa do país. Nestas condições, entendi ser meu dever de lealdade institucional informar o Presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa] e o presidente da Assembleia da República [Ferro Rodrigues] que a aprovação em votação final global desta iniciativa parlamentar forçará o Governo a apresentar a sua demissão”, declarou.
Esta advertência foi feita por António Costa numa declaração ao país, depois de ter estado reunido cerca de 40 minutos com o Presidente da República, na sequência da crise política aberta com a aprovação pelo parlamento, apenas com os votos contra do PS, da recuperação do tempo total de serviço dos professores no período em que houve congelamento de progressões.
Com Lusa / Madremedia