António Costa: “A melhor forma de nos defendermos das fake news é com comunicação social de qualidade”

Primeiro-ministro abriu o Visão Fest e identificou as cinco premissas para que os media possam continuar a contribuir para a saúde das democracias. Pelo meio, fez um remoque ao presidente Trump e deixou um recado ao Ministério Público

ara António Costa, não há dúvidas: “A melhor forma de nos defendermos das fake news é com comunicação social de qualidade.” A frase do primeiro-ministro foi dita esta manhã, na abertura do VISÃO Fest, que assinala os 25 anos da revista e que decorre até domingo no Capitólio, em Lisboa.

Do púlpito, e após felicitar a equipa da VISÃO pelos 25 anos de “excelência da informação”, o líder do executivo socialista socorreu-se da sua relação próxima com a comunicação social – a mãe, Maria Antónia Palla, foi jornalista ainda durante o Estado Novo – para frisar que “a liberdade e a democracia garantem-se mutuamente”. E não devem ser tomadas por garantidas.

O recuo serviu para notar que em tempos “de emergência das redes sociais” o desafio que se coloca aos media, às instituições democráticas e à classe política são igualmente crescentes. “Hoje, mais do que nunca, a existência de comunicação social de qualidade é importante para a nossa democracia”, acrescentou Costa.

Na mesma linha, o primeiro-ministro, cuja intervenção durou 22 minutos, considerou que “há perguntas que devemos colocar” e deixou alguns recados. “O Presidente [Donald] Trump contribuiu para o prestígio do sistema político ou não tem contribuído?”, interrogou de forma retórica. Tal como, na semana em que foram exibidos na televisão os interrogatórios aos arguidos da Operação Marquês (com destaque para José Sócrates), fez um remoque ao funcionamento do Ministério Público.

“A Justiça legitimou-se mais transferindo para julgamento popular, através de fugas seletivas de informações, aquilo que devia ser assegurado pelo processo próprio da Justiça ou deslegitimou-se?”, prosseguiu.

Quanto à própria comunicação social, questionou se “reforçará o seu prestígio fazendo contraponto às redes sociais e às fake news ou abrindo a antena a fóruns ou opiniões públicas onde, sem filtro, se diga não importa o quê”.

Por isso, o primeiro-ministro identificou os cinco pilares que vê como fundamentais para que os órgãos de comunicação social sobrevivam às plataformas alternativas: prestígio social, robustez financeira, independência dos poderes políticos e económicos, saberes diversificados na redações e ainda relações laborais que não assentem na precariedade.

VISÃO FEST

A VISÃO comemora os seus 25 anos de existência no Capitólio, este fim de semana. Debates, duelos criativos, concertos, workshops e atividades que vão animar o Capitólio e trazer até si a VISÃO ao vivo nos dias 21 e 22 de Abril. A entrada é livre

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