29.1.2023 –
André Ventura, candidato único à liderança do Chega, foi reeleito presidente da direção do partido com 98,3%% dos votos, anunciou o presidente da Mesa da V Convenção Nacional, Jorge Galveias.
“O professor doutor André Ventura foi eleito com 98,3% dos votos”, anunciou o dirigente, não tendo detalhados o número de votos a favor, contra e abstenções, entre os mais de 600 delegados.
Ventura era candidato único à liderança. Foi agora para um mandato de três anos.
André Ventura já foi a votos várias vezes, tendo obtido sempre resultados acima dos 90%.
Na primeira vez que se apresentou a votos, na convenção fundadora do partido, em junho de 2019, teve 94% dos votos.
Em abril de 2020 demitiu-se do cargo, tendo sido foi reeleito em eleições diretas em setembro desse ano, com um resultado de 99,1%.
Em 06 de março de 2021, o partido volta a eleger Ventura em novas diretas, com 97,3%, na sequência da sua demissão por, nas eleições presidenciais de 24 de janeiro, nas quais foi o terceiro mais votado, ter falhado os objetivos de ficar à frente da antiga eurodeputada do PS Ana Gomes e forçar o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, a uma segunda volta.
André Ventura apenas foi desafiado nas eleições diretas de novembro de 2021. Nessas diretas, alcançou 94,78% dos votos, enquanto o seu adversário, o empresário Carlos Natal, obteve 5,22%.
Agora, voltou a ser eleito em convenção, como estabelecem os estatutos de 2019, os quais o Chega decidiu voltar a adotar na sequência do chumbo pelo Tribunal Constitucional dos estatutos mais recentes.
Os trabalhos da V Convenção Nacional do Chega, que decorre em Santarém, arrancaram na sexta-feira à noite e terminam no domingo.
André Ventura quer “ganhar a rua à esquerda”
André Ventura estabeleceu como um dos objetivos do seu mandato “ganhar a rua à esquerda” e advertiu que só os portugueses podem estabelecer “linhas vermelhas” quanto a futuras coligações.
“Defino como 2.º grande objetivo do meu mandato ganhar a rua à esquerda em Portugal”, afirmou André Ventura, no seu discurso logo depois de conhecidos os resultados da eleição para presidente da Direção Nacional, à qual era candidato único.
“Voltaremos a sair à rua, voltaremos a percorrer cada uma das ruas de Portugal, voltaremos a encher praças e conquistaremos as ruas deste país”, afirmou.
Ventura recusou que a esquerda seja “dona da rua”, numa alusão ao sindicalismo e às manifestações, e prometeu que o partido não vai ficar fechado no parlamento ou na sede nacional.
“Aquela esquerda que achava que podia dominar as praças e as ruas sabe hoje, e tem medo disso, que tem um adversário à altura”, referiu, numa alusão à federação sindical que o partido anunciou, denominada Solidariedade, e que deve estar constituída ainda este ano.
Perante os cerca de 600 delegados à V Convenção Nacional do Chega, Ventura transmitiu a mensagem que tinha passado aos jornalistas ao início da manhã quanto a uma possível solução governativa de futuro.
“Eu quero que todos compreendam que a mensagem que sai deste congresso é uma e só uma: nós queremos ser Governo em Portugal, mas não estamos dispostos a ‘geringonças’ de direita porque elas nunca funcionaram e connosco também não vão funcionar”, salientou, defendendo que, após as próximas eleições legislativas, “a direita terá uma escolha, ou há governo com o Chega ou não há governo de todo”.
O líder reeleito indicou que “o mesmo se aplicará a todas as eleições” em que o Chega participar ao longo do seu mandato, salientando que o partido não quer “negociatas escondidas nem falsas geringonças, quer governar”.
André Ventura considerou também que “escusam de continuar a falar em linhas vermelhas, azuis ou verdes”.
“Para nós há apenas uma entidade que estabelece quais são as linhas vermelhas, e essa entidade não se chama Luís Montenegro [líder do PSD], nem Rui Rocha [líder da IL] nem Augusto Santos Silva [presidente da Assembleia da República], nem António Costa [primeiro-ministro], chama-se povo português e só ele estabelecerá as linhas vermelhas de Portugal e do partido Chega”, garantiu.
André Ventura comprometeu-se a, no futuro, ser “a voz dos que perderam a voz” e prometeu “uma luta sem tréguas” contra a corrupção.
“Vamos por quatro anos, unidos, firmes naquilo em que acreditamos, esquecendo egos e ambições de lugares e ambições pessoais, vamos verdadeiramente travar o combate das nossas vidas contra a corrupção”, desafiou.