Centenas de pessoas participaram hoje em Lisboa numa manifestação promovida pelo Chega para dizer que “Portugal não é racista” e tentar afastar “esse fantasma” que assola o país sempre que algo de trágico acontece.
“Em Portugal não há racismo estrutural”, disse o presidente demissionário do Chega, em declarações aos jornalistas antes do arranque da marcha que, durante mais de uma hora, percorreu a Rua da Prata e do Ouro, terminando ao final a tarde com um intervenção de André Ventura na Praça do Município.
Defendendo que “o fantasma da hipocrisia sobre o racismo não continuará a vingar”, André Ventura reiterou que, tal como já tinha prometido, o Chega promoverá uma marcha “sempre que a esquerda e a extrema-esquerda” insistirem em colocar o tema do racismo na agenda política
“Nós somos um país muito peculiar em que sempre que acontece qualquer coisa mais trágica, como foi o caso do ator Bruno Candé, nós temos sempre o fantasma do racismo a assolar-nos”, salientou, insistindo que o Chega não aceita que o “racismo seja desculpa para tudo” e que quer “minorias com direitos, mas também com deveres”.
“Nós queremos, sobretudo, dizer que Portugal não é um país racista”, acrescentou, admitindo, contudo, que por vezes acontecem “episódios racistas”.
À saída dos manifestantes da Praça do Município um homem contra a manifestação – encabeçada por André Ventura, entre outros que seguravam uma faixa que dizia “Portugal não é um país racista” – criou alguma confusão, que foi, contudo, resolvida em poucos minutos com a intervenção da polícia e de alguns elementos da organização que lhe pediram para se afastar.
Entre bandeiras de Portugal e do Chega, além de uma bandeira do PSD e de outra do CDS-PP, os manifestantes percorreram a Rua da Prata e do Ouro gritando “Portugal não é racista”, “André vai em frente tens aqui a tua gente”, “minorias com direitos, mas também com deveres”, interrompendo os ‘canticos’ mais do que uma vez para cantar o hino nacional.
Já na Praça do Município, em cima de uma carrinha transformada em pequeno palco, André Ventura quis ainda deixar o que disse ser um “recado” para o líder do PSD, Rui Rio, que, na quinta-feira admitiu conversações com o Chega com vista a entendimentos eleitorais apenas se o partido evoluir “para uma posição mais moderada”.
“Não acreditem naqueles que andam aí a dizer que nos vamos juntar com o A ou com o B. Quero dizer ao doutor Rui Rio palavras que nunca deixarão de ser as minhas palavras: o Chega aceitará governar com o PSD numa condição, quando for o Chega a mandar no Governo de Portugal, aí nós aceitaremos”, afirmou André Ventura, já depois de garantir que nunca deixará que menosprezem ou humilhem o seu partido.
A manifestação do Chega, que André Ventura chegou a chamar de “contramanifestação” de direita, aconteceu depois de na sexta-feira e no sábado se terem realizado concentrações antirracistas e antifascistas em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga e Beja, homenageando o ator Bruno Candé, de origem guineense, assassinado na rua com quatro tiros na semana passada, em Moscavide, Loures.
Lusa