Ana Jorge: “O PCP é e sempre foi contra a NATO!”

Ana Jorge foi a candidata do PCP nas Eleições Autárquicas de Mira. Deu nas vistas pela forma assertiva com que lidou nas questões referentes ao município. Agora, o Jornal Mira Online foi procurar saber dela a sua opinião particular e sobre a versão oficial do partido no momento em que a Rússia invadiu a Ucrânia e tantas questões foram levantadas sobre a posição do PCP…

OPNIÃO PESSOAL

empresária da Restauração e a política Ana Jorge são, indubitavelmente, a mesma pessoa. Sem máscaras, sem expressões que causem impacto perante a opinião pública, quando o repórter a encontrou para a reportagem, falou sem medos, sem receios de ser mal interpretada e, principalmente, com frontalidade.

Para ela “Nem esta guerra, nem nenhuma outra, nunca foi justificação para nada… na minha opinião, quanto mais paz houver no planeta, melhor para todos!”. Indo mais além, ela reconhece que “como a maioria das pessoas, acredito, eu pensava que aquele jogo de palavras não passaria disso mesmo e que, afinal, não aconteceria esta guerra em pleno Século XXI”.

Porém, Ana Jorge, como a grande maioria das pessoas… enganou-se! A guerra veio e ainda está a ceifar vidas, a destruir infraestruturas e a obrigar a que milhões de pessoas se desloquem dentro das fronteiras ucranianas ou mesmo, para fora delas, espalhando-se pela Europa fora e até para outros continentes. “Todas as partes envolvidas ganham com o armamento”, diz, ao afirmar que “Putin errou e acabará por sofrer com esta ação sem nenhuma razão de ser, mas, e o “mas” está sempre presente, não podemos nos esquecer que a população do Donbass também tem sido bombardeada ao longo do tempo. Isto não começou agora, na verdade vem de trás, de tempos passados e serviu de pretexto para esta invasão, de todo condenável!”.

A POSIÇÃO DO PCP

Provavelmente tenha sido, esta, a parte mais complicada da entrevista para Ana Jorge. Mesmo assim, a antiga candidata à Presidência da Câmara Municipal de Mira não deixou de defender a posição do partido que, para muitos cidadãos e cidadãs, foi incompreensível perante a avalanche de tristes imagens que – ainda hoje, depois de mais de um mês – vão passando, vezes sem conta, em todos os canais televisivos.

“Antes de qualquer coisa, temos de recordar que o PCP é e sempre foi contra a NATO!” recordou. Segundo ela, a posição do partido é a de que “o reforço militar não é necessário”. 

Colocando o dedo na ferida, como quem diz, a posição oficial do partido na votação feita no Parlamento Europeu, Ana Jorge esclarece que “se a votação fosse feita ponto a ponto… votaríamos a favor da culpabilidade da Rússia” o que, segundo ela “não aconteceu”.

O que condicionou a votação foi, na ótica do partido, o facto de que “a maioria das propostas iam de encontro à opção do armamento, da guerra e, sabemos bem que o povo fica sempre a perder, com vidas que se perdem, em primeiro lugar e, posteriormente, com o natural aumento do custo de vida a subir, decorrendo dos preços das matérias-primas que sobem em flexa…”.

culpa segundo ela, é “em grande parte da comunicação social, que transmitiu constantemente a mensagem de que o PCP apoia os russos”. Dando conta de que “o próprio PC russo é contra as políticas de Putin”, Ana Jorge não deixa de dar conta de que “a NATO aproximou-se demasiado da Rússia, fugindo aos acordos anteriormente estabelecidos!”.

Encerrando a conversa, Ana Jorge deixa uma certeza, em meio a tantas e tantas dúvidas geradas pela posição tomada pelo partido, ou, no caso, pela demora deste, em comunicar-se com clareza à opinião pública portuguesa: “o PCP não morrerá! primeiro, porque é o único partido que “realmente” se preocupa com as questões do dia a dia das populações e, em segundo lugar, porque já passamos por momentos muito piores, depois do 25 de Abril, por exemplo… estamos cá para durar! “

Jornal Mira Online