Ana Gomes considera convite do PS Lisboa a Sócrates “profundamente errado”

Eurodeputada entende que dirigentes não devem marcar presença na iniciativa organizada pela FAUL, mas, dentro do partido, várias vozes pedem um “normalizar” da relação com o antigo primeiro-ministro.

“Acho profundamente errado um que um convite dessa natureza tenha sido feito por um órgão do partido como é a FAUL (Federação da Área Urbana de Lisboa do Partido Socialista) “, diz à TSF Ana Gomes, depois de confrontada com o convite para que José Sócrates seja um dos oradores de uma conferência organizada pelas Mulheres Socialistas de Lisboa.

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No entender da eurodeputada, ainda que, no âmbito da “Operação Marquês”, não exista uma acusação formal ao antigo primeiro-ministro, a “conduta” de José Sócrates é “incompatível com um mínimo de credibilidade que se exige a um politico sério”.

“Não poderia ir à conferência, mas, se pudesse, não iria, para expressar a minha profunda discordância”, vinca Ana Gomes, que, abordando a ausência de António Costa do evento, acrescenta: “Penso que outros líderes do partido não deveriam estar presentes. E, questiono-me sobre quem esta por detrás desta iniciativa que não dá credibilidade ao PS e que se presta a todo o tipo de especulações”.

A participação do antigo secretário-geral do PS na “Universidade de Verão” socialista não é bem vista por algumas vozes dentro do partido, que consideram que seria benéfico aguardar o desenrolar da investigação em torno do antigo chefe de Governo, mas, em sentido contrário, são vários os dirigentes ouvidos pela TSF que defendem que sem uma acusação formal, o PS não deve bloquear a participação de Sócrates nesta e noutras iniciativas.

“Há que começar a normalizar a relação do partido com José Sócrates”, diz uma dirigente socialista, que considera que o convite e a presença devem ser encarados com “normalidade”.

À TSF, um dos membros da direção do partido diz mesmo que o convite já era conhecido pelo Secretariado Nacional e que, mais do que a presença na conferência, foi sobretudo o adiamento da investigação que “caiu mal” nas hostes socialistas.

Já um dos oradores que irá marcar presença na conferência organizada pela estrutura da FAUL, e que não se arrepende de ter dado resposta positiva à organização, sublinha que se trata apenas de uma participação de um “militante de base” que “ainda tem muito para dar” ao partido.

Ouvido pela TSF, também Joaquim Barreto, deputado e presidente da Federação Distrital de Braga do PS, não tem dúvidas de que a participação numa iniciativa promovida pelo partido é “normal e desejável”, salientando que o antigo primeiro-ministro “não está limitado nos direitos de cidadão nem de militante”.

“O PS tem de habituar-se a este contacto com José Sócrates. Vai apontando para um normalizar da atividade que ele irá retomar”, afirma um ex-membro do segundo governo liderado pelo socialista.

A conferência em que José Sócrates irá falar sobre “Política Externa e Globalização” arranca esta sexta-feira e conta, entre outros oradores, com o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, e com o ministro do Trabalho, Vieira da Silva.

TSF